quinta-feira, 6 de maio de 2010

Especialistas comemoram novo plano de demolição do Minhocão



Opinião de que via elevada é elemento de degradação do centro de São Paulo é unanimidade

06 de maio de 2010 | 16h 48
    Gabriel Pinheiro, do estadão.com.br
SÃO PAULO - Para especialistas, não há dúvida: o plano para demolição do Minhocão,anunciado pelo prefeito Gilberto Kassab nesta quinta-feira, 6, é uma boa notícia para os paulistanos. A opinião de que a via é um elemento de degradação do centro de São Paulo foi unanimidade entre os três ouvidos pelo estadão.com.br.
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"Havia uma urbanidade ao redor que se perdeu com o Minhocão, um monstro implantado no centro. Foi uma proposta descabida, que representa um momento político", afirma Nilson Ghirardello, vice-diretor da faculdade de Arquitetura da Unesp de Bauru. "Na época, a prioridade era o veículo particular. Hoje, há uma sensibilidade maior para o transporte coletivo", acrescenta.
Marco Antônio Ramos de Almeida, superintendente do grupo Viva Centro, afirma que o Minhocão "provocou problemas durante sua construção e provoca até mais problemas depois de pronto." Para ele, há duas soluções para a via. "Uma, em caráter radical, é a demolição. A segunda é uma série de medidas mitigadoras, que não foram pensadas no projeto. Por exemplo, cuidar bem dos baixos do viaduto, com iluminação adequada, policiamento reforçado e calçadas melhores. Isso custaria muito menos."
Os dois apontam, porém, que o tráfego na região pode piorar sem a via elevada. "É necessário um projeto ambicioso para resolver a circulação. Isso precisa de muito estudo. Não adianta tirar o Minhocão e piorar a circulação", destaca Ghirardello.
Para João Virgílio Merighi, engenheiro de transportes e professor da Unicamp e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) dará conta da tarefa de reorganizar a circulação. "A engenharia tem solução para isso. A Prefeitura tem equipe, a CET é capaz de solucionar. Vamos ganhar muito", diz. Segundo ele, o problema na proposta é dinheiro. "O prefeito vai ter que envolver a iniciativa privada, o mercado imobiliário, que certamente será beneficiado com a demolição. É um projeto audacioso."
Merighi afirma que as vias elevadas como o Minhocão caíram em desuso. "Entre 1950 e 1960, algumas cidades resolveram implantar essas vias. Mas, ao longo dos anos, ficou claro que elas acabam prejudicando a cidade, porque geram um ruído muito forte e trazem degradação à área", explica. "Hoje nós não temos mais esse tipo de projeto no mundo. A não ser que se tenha uma ampla área para implantação, não como no Minhocão, que é muito apertado."
Promessas. Apesar de comemorar o plano, Almeida lembra que "a promessa é velha". "Se ficarmos discutindo a demolição por anos, o tempo passa e fica por isso mesmo, como já aconteceu antes. Precisamos de soluções hoje."

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