quarta-feira, 9 de junho de 2010

Grupo novo no país se alia à PUC para comprar prédio


Folha de São Paulo, Mario Cesar Carvalho, 09/jun
Um grupo de investimentos desconhecido, chamado WWI Group (World Wide Investements), está por trás do negócio em que a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) ficaria com parte das instalações do hospital Umberto Primo, na região da avenida Paulista.
A intenção do WWI é construir uma torre comercial e um hotel de superluxo junto ao imóvel tombado pelo patrimônio histórico.
O nome do WWI aparece no protocolo de intenções que o reitor da PUC, Dirceu de Mello, assinou para poder usar o imóvel. Inicialmente, a PUC anunciou que comprara o prédio. Anteontem, o reitor mudou a versão: disse que a universidade seria inquilina do imóvel.
A Folha apurou que a PUC pagaria um aluguel mensal de R$ 700 mil pelo prédio.
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é dona do imóvel.
Comprou-o em 1996 por R$ 68 milhões, o equivalente hoje a cerca de R$ 160 milhões, segundo a tabela de atualização de valores do Tribunal de Justiça paulista.
No ano passado, o fundo de pensão concordou em pagar um valor adicional de R$ 23 milhões, para ressarcir credores do hospital que ameaçavam ir à Justiça contra o fundo de pensão, acusando-o de fraude.
Ou seja, o prédio custou cerca de R$ 183 milhões em valores atualizados. Peritos no mercado imobiliário estimam que o prédio possa valer até R$ 270 milhões.
Num esboço de contrato, a Previ se dispõe a vender o imóvel para o WWI por cerca de R$ 120 milhões.
EMIRADOS ÁRABES
O WWI é desconhecido no mercado brasileiro. Foi fundado em 14 de outubro de 2009, com um capital de R$ 1 mil. Tem um escritório em São Paulo, na rua Iguatemi, e outro em Brasília.
Uma das versões que circula na Fundação São Paulo é que o WWI representaria interesses de investidores dos Emirados Árabes.
No escritório do WWI em São Paulo, os enigmas sobre o grupo só aumentam. Um diretor que se diz chamar Marcelo, mas não quis informar o sobrenome, conta que não pode confirmar nem negar que a empresa represente investidores árabes.
E o negócio com a PUC? "Não tenho informações oficiais sobre isso", diz o diretor. O repórter pergunta: os sócios do WWI são mesmo os nomes que aparecem na Junta Comercial? "Não confirmo nem nego", repete Marcelo.
Os sócios da empresa são Claudio Roberto Sabó, Marco Antonio Valadares Versiani e Marcos Navajas. Uma das poucas referências que aparecem de Sabó em sites é que preside o conselho consultivo de um asilo.
O reitor Dirceu de Mello começou a negociar com o WWI sem o conhecimento da Fundação São Paulo, a mantenedora da PUC. Pelo estatuto da fundação, o reitor não tem personalidade jurídica e não pode fazer negócios pela PUC. Tudo precisa passar pela fundação.
A Folha apurou que o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, que é grão-chanceler da PUC, ficou contrariado com Mello.
Procurado pela Folha, o reitor não quis se pronunciar.
Previ diz que terreno não foi vendido
O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil afirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que o terreno do hospital Umberto Primo, em São Paulo, ainda não foi vendido e que as negociações continuam. De acordo com a Previ, esse tipo de conversa precisa ser mantido "sob sigilo".

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