segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Prédio pode gerar 100% da energia que consome

28/12/2014 - O Globo, Morar Bem


A adaptação às condições climáticas foi o ponto de partida para a construção do EcoCommercial Building da Bayer, em São Paulo. O prédio, na verdade um centro de convivência localizado na sede da empresa, no bairro Socorro, pode ser o primeiro do país a gerar 100% da energia que consome. Não à toa, acaba de ganhar a certificação Leed Platinum, o mais alto nível do selo internacional concedido pelo Green Building Council (GBC).

- É mais uma conquista da indústria nacional da construção sustentável. O alinhamento entre projeto, técnicas construtivas responsáveis e tecnologias aplicadas foi maximizado de modo a permitir que o prédio conseguisse o maior nível da certificação internacional - elogia Felipe Faria, diretor do GBC Brasil.

Para chegar a esse resultado, o projeto levou em consideração diversos fatores. A iluminação natural, por exemplo, foi aproveitada ao máximo. O edifício ganhou brise-soleil, fachadas de vidro com películas que reduzem o calor e diversas aberturas para entrada de luz. Sensores de presença e da luminosidade externa determinam o momento de acender, e intensificar, as luzes. E uma miniusina solar foi instalada para gerar energia para abastecer o local.

SISTEMA DE AR PAGOU POR USINA SOLAR

A ventilação cruzada e o sombreamento também foram aproveitados. Com isso, a necessidade de uso de aparelhos de ar condicionado foi eliminada em 95% do prédio. Apenas a sala de reunião, que muitas vezes deve permanecer fechada, conta com o sistema.

- Além de diminuir os gastos durante o uso dos aparelhos, isso gerou enorme economia durante a obra. O sistema de ar condicionado custaria R$ 150 mil. Gastamos R$ 90 mil na instalação das placas fotovoltaicas e ainda sobraram outros R$ 60 mil para investir em outras necessidades da obra - conta Fernando Resende, gerente do EcoCommercial Building, no Brasil.

Localizado numa área arborizada do terreno, o prédio foi projetado de forma que nenhuma árvore fosse arrancada. Ao longo da edificação, que tem cerca de 600 m², é possível ver dez árvores. Para que não fossem prejudicadas, além de aberturas no teto para que seus galhos continuem se expandindo, o prédio foi erguido sobre uma plataforma de madeira a dez centímetros do chão, o que permite que a água da chuva penetre na terra e as raízes cresçam sem interferir na estrutura do prédio.

Além disso, o paisagismo foi feito apenas com espécies nativas, já acostumadas à quantidade de chuvas da área, que fica próxima à represa de Guarapiranga - até agora, a que menos sofre com a seca que atinge São Paulo.

ECONOMIA DE 94,8% DE ÁGUA POTÁVEL

A chuva, aliás, é outra aliada da edificação. O prédio tem tanto um sistema de captação da água da chuva quanto o de reaproveitamento das águas cinzas. E como o uso de água potável está restrito às pias, a economia chega a 94,8%. São dois reservatórios: um que fica enterrado e um espelho d'água que passa por dentro do prédio ajudando na refrigeração das áreas internas.

Projetos de EcoCommercial Building da Bayer estão presentes em outros seis países - Alemanha, Bélgica, China, Estados Unidos, Índia e Tailândia. Eles integram as ações da companhia alemã, que atua em setores que causam grande impacto ao meio ambiente, em prol da preservação ambiental. Em São Paulo, além de servir aos dois mil funcionários da empresa, o prédio recebe cerca de 150 visitantes por mês e serve ainda como modelo para os clientes da companhia, já que boa parte dos materiais utilizados são fabricados por ela.

- A população cresce muito rapidamente, os padrões de consumo também, mas o planeta não cresce mais. Esse programa faz parte do desenvolvimento de tecnologias que contribuam para a redução desse impacto. E todas são produzidas aqui no Brasil - conclui Resende.

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