segunda-feira, 30 de abril de 2012

Câmara dá aval a projeto de pedágio urbano em SP

26/04/2012 - Folha de S.Paulo

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de São Paulo deu ontem (25/04) parecer favorável a projeto do vereador Carlos Apolinario (DEM) que autoriza a prefeitura a implantar o pedágio urbano.

A aprovação é o primeiro passo para o projeto andar no Legislativo. Ele tem de passar por duas comissões, duas audiências públicas e duas votações no plenário, antes de ir à sanção ou veto do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

O aval de ontem foi estritamente jurídico: a CCJ entendeu que não havia ilegalidade ou inconstitucionalidade no projeto, liberando-o para seguir a tramitação na Casa.

Mesmo assim, a proposta se arrastava na comissão desde julho de 2010, por conta da oposição de vereadores a um tema que consideram ruim às vésperas de eleições.

Ontem, atendendo a apelo de Apolinario, o projeto teve cinco votos a favor, um voto contrário -o de Abou Anni (PV)- e três abstenções.

A próxima comissão a avaliar o projeto, a de Transportes, é a que entrará efetivamente no mérito da proposta. "A medida continua sendo polêmica, vai provocar divisão no plenário", diz Celso Jatene (PTB), que se absteve.

O próprio autor não crê em vida fácil para o projeto na Câmara. "A classe política precisa de voto. Se fizer uma pesquisa, 95% da população é contra", diz Apolinario.

A proposta não cria a cobrança -o que seria ilegal, já que a iniciativa tem de ser do Executivo-, mas diz que o prefeito "envidará esforços" para sua instituição e cria regras básicas: uma cobrança por dia e isenção aos sábados, domingos e feriados.

O projeto delimita a implantação da taxa ao centro expandido, onde hoje já existe o rodízio de veículos -que também visa reduzir a frota circulante e a poluição.

Apolinario acredita que o pedágio pode gerar R$ 2 bilhões anuais de receita, com uma tarifa em torno de R$ 4. "Em vez de esperar melhorar o transporte coletivo para criar o pedágio, o meu projeto cria primeiro uma fonte de recursos para investimentos em metrô, trens e ônibus."

Embora a ideia não tenha tido aval prévio de Kassab, Apolinario tem importante aliado no governo municipal: o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que, em dezembro de 2011, publicou artigo na Folha defendendo a medida.

Jorge afirma que sua implantação em cidades como Londres, Estocolmo e Cingapura fez reduzir em 15% a circulação de veículos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Novos prédios vão levar 50 mil carros para a Marginal Pinheiros

23/04/2012 - Jornal da Tarde

Trânsito em bairros ao longo do Rio Pinheiros deve piorar após abertura de 12 megacomplexos, com hotéis a torres residenciais

Trânsito na Marginal Pinheiros em São Paulo
créditos: Futura Press

Nos próximos anos, São Paulo terá 12 novos empreendimentos na Marginal do Pinheiros, que vão criar quase 50 mil vagas de estacionamento ao longo de uma das principais vias da capital, já bastante congestionada. A maior parte desses megacomplexos - que abrigarão torres comerciais e residenciais, hotéis e shoppings - concentra-se nas regiões de Santo Amaro, Chácara Santo Antônio, Morumbi, Vila Olímpia e Itaim-Bibi, na zona sul.
 
Esses projetos constam de uma lista de 200 empreendimentos de grande porte - levando em consideração o m² construído e o número de vagas criadas - tidos como polos geradores de tráfego. A relação foi elaborada pela Secretaria Municipal de Habitação e enviada ao Ministério Público Estadual (MPE).
 
Com base nessa listagem, o MPE quer saber quais são as contrapartidas exigidas pela Prefeitura para aprovar os projetos e que tipo de obras viárias serão cobradas da iniciativa privada para que o trânsito no entorno dos empreendimentos não vire um caos. "Nossa prioridade neste ano é investigar como a mobilidade urbana vem sendo tratada pelo poder público", afirma o promotor José Carlos de Freitas, da Habitação e Urbanismo. "Os reflexos não são sentidos apenas no trânsito - também afetam outras áreas, como a permeabilidade do solo da cidade."
 
O maior empreendimento - em tamanho e número de vagas - fica na região da Chácara Santo Antônio, nos terrenos das antigas fábricas Monark e Timken, entre as Ruas Engenheiro Mesquita Sampaio, José Vicente Cavalheiro, João Peixoto dos Santos e Antonio de Oliveira. O terreno tem 585 mil m² e vai criar 10.483 vagas. Além de hotel e shopping center, terá torres comerciais e residenciais. As obras ainda nem começaram, mas já preocupam os vizinhos. "Está todo mundo preocupado com as desapropriações que devem ocorrer para que as obras viárias sejam realizadas", disse a professora aposentada Sueli Labônia, de 60 anos, que mora no local há 36. "Vai transformar totalmente a região e o trânsito, que de alguns anos para cá já ficou complicado entre 20h e 21h30", completa o marido dela, o advogado Nelson Labônia, de 68.
 
Na Marginal do Pinheiros, esquina com a Rua Luís Correia de Melo, região de Santo Amaro, outro empreendimento começa a tomar forma onde antes havia quadras de tênis. No local haverá 396 unidades residenciais, 204 comerciais e 20 espaços corporativos com 1.364 vagas.
 
Caminhões
 
A movimentação de caminhões já preocupa moradores, como a aposentada Hiromi Kondo, de 68 anos, que mora há quatro décadas no bairro. "No ano passado, começou a funcionar um condomínio residencial e há outros dois sendo erguidos. O trânsito já é difícil, pois essa rua virou rota de fuga da Marginal."
 
Na esquina da Marginal com as Ruas Doutor Rubens Gomes Bueno e Acari, também na região de Santo Amaro, um terreno de 201 mil m² vai abrigar o Brookfield Towers, com duas torres e um shopping center. O local teria o prédio mais alto do País, com 200 metros, mas a altura foi rebaixada para 135 metros. Na garagem, serão 3.809 vagas.
 
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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Medo faz do Morumbi um bairro à venda

16/04/2012 - Jornal da Tarde

FELIPE TAU
TIAGO DANTAS

O medo de assaltos, a redução do tamanho das famílias, o crescimento do trânsito e a chegada do monotrilho (Linha 17-Ouro do Metrô) têm causado uma proliferação de placas de “vende-se” e “aluga-se” nas casas do Morumbi, um dos bairros mais nobres da zona sul de São Paulo. Em quatro horas circulando pela região, na sexta-feira, o Jornal da Tarde viu 30 anúncios em seis ruas.

Em um trecho de 800 metros da Avenida Giovanni Gronchi, entre o Estádio do Morumbi e a Rua Corgie Assad Abdalla, havia oito casas para alugar ou vender, a maioria mansões. “Quero que apontem uma rua que não tenha uma casa à venda”, desafia a desembargadora Ana Maria Contrucci Brito Silva, de 67 anos.

Há 30 anos, ela mora em um imóvel de 500 metros quadrados na Rua Luiz Galhanone, que tenta vender desde 2003. Na sua rua, diz, há outras oito casas à venda. “Atribuiria isso à violência, além da dificuldade de as famílias manterem as casas”, diz ela, que foi assaltada na porta da residência em 2005. “Uma vizinha mudou para o Itaim-Bibi porque pularam o muro dela e encostaram a arma na sua cabeça duas vezes.”

Na Rua Fleury Meirelles, uma travessa da Avenida Morumbi, uma digitalizadora que se identificou como Elizabeth, de 52 anos, há cinco anos tenta vender a casa onde mora. “A violência aumentou muito, assim como o barulho na avenida”, disse.

Segundo ela, a casa também ficou grande para o número de moradores, que caiu pela metade desde que se mudou, em 1963. Com receio, Elizabeth atendeu a reportagem do alto do quintal: conversou pelo vão de um gradil, com o rosto ao lado de placas de “vende-se” e “aluga-se”.

Segundo ela, o imóvel, com 510 metros quadrados de área construída, vale R$ 2 milhões, mas os interessados têm oferecido um terço do valor. Na sua rua, mais dois imóveis estavam à venda. Em um deles, a moradora também teme a falta de segurança. “Só levo o cachorro para passear de carro”, disse ela, sem se identificar.

A repercussão dos casos de violência na imprensa está relacionada à concentração de casas à venda no Morumbi, diz o diretor da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia. “É uma coisa cíclica na região. De tempos em tempos, casos de roubos aparecem nos jornais, e as pessoas colocam suas casas à venda.” No entanto, ele diz que os preços de lançamentos imobiliários não têm caído, mas não forneceu os números.

Segundo a Polícia Militar, os crimes contra o patrimônio estão diminuindo na região. De janeiro a 9 de abril, os roubos de imóveis recuaram 59% e os de carros, 27% – comparados com o mesmo período de 2011. A PM instalou cinco bases comunitárias móveis em Paraisópolis e Morumbi e diz que, desde março, intensificou o combate aos furtos.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Na linha de chegada

03/04/2012 - Brasil Econômico

Está pelos últimos acabamentos a obra de um dos maiores empreendimentos corporativos construídos no Brasil nesta década. O gigantesco Pátio Malzoni, que está sendo rebatizado para Pátio Bandeiras, acaba de ter concluídos os trabalhos de jardinagem dos entornos do prédio que ocupa endereço nobre na Avenida Faria Lima, em São Paulo. O edifício comercial de 19 andares e seis subsolos ocupa área da Casa Bandeirista, tombada em 1982 pelo Condephaat, por ser remanescente da sede de uma fazenda que deu origem ao bairro Itaim Bibi. A construção histórica foi restaurada e integrada ao empreendimento, ocupando lugar de honra sob um imenso pórtico de 28 metros de altura por 41 metros de largura. O prédio de escritórios de altíssimo padrão vai hospedar empresas de pedigree como Google, que passa a ocupar três andares do empreendimento a partir do segundo semestre. O grupo Fasano também tempera a instalação de um restaurante no térreo do edifício.
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