terça-feira, 25 de agosto de 2015

Com aluguel mais caro e desemprego, favelas ressurgem em São Paulo

25/08/2015 - Folha de SP

O pedreiro João Batista, 45, está desempregado desde dezembro. Jailson de Lima, 46, até consegue obras, mas não tem dinheiro para pagar o aluguel, que subiu. Cristiane dos Santos, 27, viveu em um albergue, depois desistiu. No último ano, o endereço dos três virou o mesmo: favela.

Essas três pessoas, de lugares diferentes de São Paulo, engrossaram no último ano a massa de milhares de moradores dessas comunidades na capital paulista.

Nas últimas semanas, a Folha visitou cinco favelas. Uma delas, no Cangaíba (zona leste), ressurgiu em junho do ano passado, após quatro anos. Hoje, tem 2.000 famílias.

Na Radial Leste, uma foi reerguida após ação policial e outra aumentou de tamanho.

Uma quarta, em Guaianases (zona leste), nasceu há um ano num terreno da prefeitura destinado à habitação social. Outra cresceu dentro de um conjunto habitacional no Jaguaré (zona oeste).

Não há dados oficiais que indiquem que o número de favelas em São Paulo diminuiu ou aumentou nos últimos cinco anos. O último levantamento é do IBGE e mostra que, em 2010, existiam 1.643 comunidades em SP.

Sem dados atualizados, urbanistas, militantes e pessoas que atuam na área de habitação social são unânimes: cresceu o número de moradores nessas condições na cidade. São vários os motivos, em uma cidade com um deficit de 230 mil moradias.

"A única política habitacional que existe hoje é o Minha Casa, Minha Vida. Mas você é despejado hoje e entra na fila. Só vai conseguir uma vaga daqui cinco ou dez anos. Nesse tempo, vai para onde? Para uma ocupação", diz a urbanista Raquel Rolnik, colunista da Folha.

"E já há os primeiros sinais da crise econômica. Há mais desemprego e diminuição da renda. Para quem vive no limite, qualquer coisa faz diferença", completa Rolnik.

Já Juliana Avanci, 33, advogada do Centro Gaspar Garcia –entidade de direitos humanos que trabalha com moradores de rua–, diz que a crise ainda não é sentida. "Temos verificado um aumento de ocupações, sim. Mas a crise ainda não fez efeito", diz.

Para ela, o que leva gente às favelas é a dificuldade de acesso a políticas habitacionais para os de baixa renda.

"Outra coisa é o ritmo lento de construção de moradias da Cohab e da CDHU [empresas da prefeitura e governo de SP, respectivamente]."

Movimentos de moradia, como o MTST (sem-teto), têm dito que o grande aumento do preço dos aluguéis nos últimos anos contribuiu para o crescimento das ocupações.

Desde 2008, o preço do aluguel na capital teve um crescimento acumulado de 98%, segundo a tabela Fipe. A inflação no mesmo período foi de 54% (IGP-M). Nos meses de maio e junho de 2015, porém, os valores do aluguel caíram.

"As favelas estão crescendo, e cada vez mais para cima, com casas de dois, três andares. São insalubres, com problemas de ventilação e iluminação", diz Alex Abiko, professor de gestão habitacional da Poli-USP. Para ele, o poder público erra ao não atualizar informações sobre as favelas.

"Como fazer política pública se você não sabe onde essas comunidades estão, como as pessoas estão vivendo?"

Refavela

Em pouco mais de um ano, barracos ressurgem em duas áreas que haviam sido desocupadas pela polícia na zona leste de São Paulo

Por quatro anos ela esteve morta. Caiu em 2010, depois de uma reintegração de posse que terminou em confronto. A polícia jogou bombas; os moradores, pedras. Queimada, ela deixou de existir. Não para sempre: a favela da Tiquatira (zona leste de São Paulo) renasceu das cinzas.

O terreno ficou vazio até junho de 2014. Surgiram então alguns barracos de lona. Depois, de madeira. Depois, casas de alvenaria. Hoje, são 2.500 famílias vivendo em uma das favelas que surgiram na capital no último ano.

"Chamamos de comunidade Penha-Brasil. E o Brasil no nome é para mostrar que esse é o país que deram para nós", diz o pedreiro Jailson Lima, 46, apontando para o amontoado de barracos.

Jailson nunca morou em favela. No começo deste ano, desempregado, passou de trem e viu a comunidade crescendo. "Pensei: não consigo pagar o aluguel. Vou montar o meu barraco".

Chamou a irmã, Maria Lúcia da Silva, 47, que chegou com os filhos, marido e neto. Um dos filhos montou outra casinha ao lado. E assim foi.

Além das casas, no terreno, que só tinha mato, agora há mercadinhos, lan house e uma igreja da Assembleia de Deus. Tudo em um ano.

A área de 47 mil m², a poucos metros da marginal Tietê, pertence à CDHU, companhia do governo do Estado. Ali, por muitos anos existiu uma favela.

Em 2010, a Polícia Militar retomou a posse, a pedido da Justiça. O projeto era transformar a área em condomínio popular da CDHU. Em quatro anos, com o terreno vazio, nenhuma parede foi construída.

A Justiça determinou neste ano nova reintegração, que só deve ocorrer em 2016. Os moradores estão tensos com essa possibilidade.

O costureiro boliviano Fabian Alvares, 47, pagava R$ 600 de aluguel para viver em outra favela. Teve de sair em uma reintegração. Foi para Tiquatira há cinco meses. "Era o que tinha, aqui não pago aluguel. Mas, se tiver de sair, não sei o que fazer", diz.

FAVELA DO CIMENTO

A 8 km da favela da Tiquatira, outra nova favela renasceu, entre as pistas da Radial Leste, a poucos metros do viaduto Bresser, na Mooca.

De dia, os moradores formam fila para carregar sacos de cimento. De tarde, atravessam a rua para carregar pedaços de tábua. Com elas, erguem seus próprios barracos.

São cerca de 50 famílias. Homens, mulheres, crianças e idosos ali, onde há menos de um mês só havia grama. A Radial fica de um lado. Um entreposto comercial de cimento, do outro.

A ocupação, que ressurge mesmo após ter sido retirada pela polícia, tem nome: Favela do Cimento.

É resultado do encontro de duas populações diferentes, mas em igual situação: os trabalhadores informais do entreposto que erguem pequenas barracas de lona na calçada e os moradores de rua que gravitam em torno de um centro da prefeitura –prestes a ser desativado.

Grávida de sete meses e sem emprego, Sílvia Andressa Guedes, 31, foi parar no Cimento após passar quase um ano em albergues.

Até o começo de 2014, conseguia pagar os R$ 800 de aluguel na casa de três cômodos, em Interlagos, na zona sul. Demitida e sem família por perto, buscou a rua. Ao procurar um novo emprego, descobriu outro problema.

"Que empresa aceita um albergue como comprovante de endereço?", diz. "Nenhuma, ninguém quer um morador de rua, de albergue, do que for, como empregado."

Para viver na favela, ela e outros moradores têm que seguir uma série de regras.

Brigar é terminantemente proibido, mexer com a mulher do outro é senha para ser expulso. Também é vetado o desrespeito a homossexuais.

"Se brigar, a gente vai chamar pro 'resumo' [conversa]. Se não se entenderem, vão vazar", explica Talmos da Conceição Silva, 41, um dos líderes do local.

OUTRO LADO

A CDHU, companhia de habitação do Estado de São Paulo, afirmou que no terreno da favela da Tiquatira (zona leste), que ressurgiu no último ano, está prevista a construção de 704 apartamentos populares.

As unidades serão destinadas a famílias que foram removidas na reintegração de posse de 2010, segundo a empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O órgão afirma que tentou negociar a saída voluntária dos moradores, mas eles se recusaram a deixar o local.

Diz ainda que, em 2012, devido a projetos de expansão da rede de transporte sobre trilhos, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metrolitanos) e o Metrô solicitaram parte da área para implantação da Estação Tiquatira, da linha 2-verde, levando a CDHU à revisão do projeto do conjunto habitacional.

Sobre a favela do Cimento, entre as pistas da Radial Leste, a Prefeitura de São Paulo afirmou que trabalha para implantar no local um centro de referência no atendimento a moradores de rua, o chamado Centro Pop.

A abertura do espaço depende de uma obra que será finalizada nos próximos meses, diz a prefeitura.

A administração afirma ainda que agentes de assistência social abordam moradores de rua na região para encaminhá-los a albergues.

O prefeito Fernando Haddad (PT) prometeu viabilizar 55 mil moradias sociais na cidade. Até agora, 4.994 foram entregues (9%).

domingo, 23 de agosto de 2015

‘Conexão’ para ciclovias é inaugurada hoje em SP

23/08/2015 08:42

23/08/2015 - O Estado de SP

A Prefeitura inaugura hoje um trecho de 750 metros de ciclovia na Avenida Bernardino de Campos, extensão da pista da Avenida Paulista. Ele é considerado por ciclistas, cicloativistas e pela própria administração municipal como um "ponto de conexão" para 21,5 quilômetros de faixas para bikes da capital que convergem para a região.

Localizada entre a Praça Oswaldo Cruz e o Viaduto Santa Generosa, no Paraíso, a pista possibilita o acesso para as ciclovias da Rua Vergueiro e das Avenidas Liberdade, Paulista e Jabaquara e outras vias menores que também têm a estrutura. Agora, é possível sair pedalando de bairros mais afastados da zona sul, chegar ao centro de São Paulo ou ir de bike até o Estádio do Pacaembu, na zona oeste da capital.

"É uma conexão importante, grande. O ciclista já consegue sair do Jabaquara e ir para várias regiões. É um entroncamento importante que vai aumentar muito a circulação de bicicletas na região", explicou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.

Com os novos 750 metros, a Prefeitura atinge a marca de 356,8 quilômetros de vias segregadas para bicicletas. A gestão Fernando Haddad (PT) entregou 260,2 km - promete 400 km até o fim do mandato.

Para Tatto, a inauguração é um passo fundamental para a estrutura cicloviária da cidade, uma vez que, com o novo trecho, as outras intervenções para o modal inauguradas anteriormente começam a fazer "mais sentido" nos deslocamentos. "É uma ideia de rede e conexões que é bem importante", disse.

O entregador John Amorin, de 28 anos, faz serviços de bike courrier em bairros no entorno das ciclovias da Bernardino de Campos e da Paulista. Morador da Santa Cruz, na zona sul, ele se sente mais seguro em poder fazer seus trajetos usando faixas exclusivas. "Sem essa nova ciclovia, eu era obrigado a entrar nas pistas para carro até acessar a Paulista. É perigoso."

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Estudo para Anhangabaú de Haddad é criticado

20/08/2015 - O Estado de SP

O projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú, no centro, vem provocando polêmica. Entidades de classe reclamam que a administração municipal não abriu um concurso público para escolher a melhor proposta. E a arquiteta Rosa Kliass, coautora do desenho atual - feito em parceria com Jorge Wilheim (1928-2014) nos anos 1980 - alega que gostaria de, ao menos, ter sido ouvida pela gestão. As propostas até agora só estão no site da Prefeitura.

A administração argumenta que o processo conduzido para a definição do projeto buscou ser mais democrático do que um concurso público - que traria um traçado de um único escritório. O plano será detalhado em uma apresentação cuja data ainda será marcada - era para ter ocorrido no início de agosto, mas o evento foi cancelado diante da expectativa de um público maior do que a capacidade da Praça das Artes, no centro, local que abrigaria o evento.

Rosa Kliass é a arquiteta que assina o cartão-postal com foto aérea do Anhangabaú que tem viralizado nas redes sociais, sobretudo por meio de perfis de arquitetos. "Caro prefeito, das janelas de seu gabinete, avistava-se este cartão-postal, criado em um concurso nacional de projetos promovido pela Prefeitura e pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). Com um moderado investimento, o cartão-postal do Vale do Anhangabaú poderá ser recuperado. Zelar por esse espaço será uma justa homenagem a Jorge Wilheim - cidadão paulistano em 2015", diz o texto.

Desenvolvido por uma equipe local, o projeto de revitalização do espaço que tramita na Prefeitura nasceu após estudos metodológicos do escritório dinamarquês Gehl Architects, chefiado por Jan Gehl - que assina propostas de revitalizações em Nova York, Londres e Sydney. A ideia é melhorar o fluxo de pedestres do Vale, principalmente na locomoção de um lado para outro - do lado da Prefeitura para o do Teatro Municipal, por exemplo. Outra demanda percebida pela equipe de Gehl foi a falta de atividades fixas na região, que dariam vida ao espaço e, também, uma maior sensação de segurança. A proposta ainda prevê a instalação de espelhos d'água que podem ser reconfigurados de acordo com o evento previsto.

O presidente do IAB-SP, José Armênio de Brito Cruz, lamenta o fato de o projeto não ter sido escolhido mediante concurso público. "Sou da opinião que o projeto da Rosa e do Wilheim é bom, o que não significa que, 35 anos depois, não possa ser atualizado, considerando as necessidades atuais da cidade", afirma. "Mas o IAB é da posição de que qualquer projeto público dessa envergadura precisa ser escolhido mediante concurso público aberto, em que aspectos técnicos são julgados."

Para o arquiteto Gilberto Belleza, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), a Prefeitura deveria, primeiramente, ter ouvido Rosa Kliass, autora do projeto original. E, em seguida, aberto um concurso público. "O que não pode ser feito é um projeto desse tamanho sem uma ampla discussão", diz ele.

Consenso. Já o diretor da SP Urbanismo, Gustavo Pertezani, principal responsável pela condução do processo de revitalização, argumenta que a gestão quis, primeiramente, ouvir a população que usará o Vale. "O processo (para construção do projeto) começou em abril de 2013, em um procedimento chamado Diálogo Aberto, que foi conduzido em três workshops, em que foram ouvidos diversos agentes do setor", argumenta. "Contou com a participação de muita gente, de diversas organizações."

"O Jan Gehl tem uma metodologia de análise para diagnósticos de espaços públicos", enfatiza o diretor. "Ele tem uma forma de ocupação dos espaços públicos, e é desse processo que saíram as ações do Centro Aberto (nos Largos de São Francisco e do Paiçandu), os parklets, coletivos que ocupam os espaços públicos, como têm no Largo da Batata, no Minhocão."

Pertezani diz que o Anhangabaú foi entendido, nessas discussões, como um local de conexão entre o centro velho e o centro novo e as propostas devem atender às demandas vindas das pesquisas feitas no local.

"Diferentemente do que foi feito na história da cidade, em que um autor define que tem de ser isso e ser aquilo para determinado espaço, a gente fez o contrário. Fizemos as pessoas usarem o espaço, entenderem o que é melhor, produzirem um conceito e, com base nesse conceito, desenvolver um projeto. Não é mais um projeto autoral", explica o diretor.

O projeto da Prefeitura, que segue as premissas desse processo de discussão citado por Pertezani, é assinado pelo escritório curitibano PJJ Malucelli. As obras estão estimadas em R$ 100 milhões e há previsão de que comecem no ano que vem. O dinheiro virá de recursos da Operação Urbana Centro.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

CET anuncia mais 11 vias de SP que terão limite reduzido para 50 km/h

18/08/2015 - G1 SP

A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (17) que mais 11 vias da capital terão o limite de velocidade máxima reduzido de 60 km/h para 50 km/h. A medida vale a partir de quinta-feira (20). As vias ficam na Zona Oeste, na região da Avenida Sumaré e nas proximidades da USP, e na Zona Sul.

A medida faz parte do Programa de Proteção à Vida, da Prefeitura de São Paulo, que vai regulamentar em 50 km/h o limite de velocidade em praticamente todas as avenidas importantes da cidade. Veja as vias:

- Rua Henrique Schaumann (zona oeste)

- Avenida Paulo VI (zona oeste)

- Avenida Sumaré (zona oeste)

- Avenida Antártica (zona oeste)

- Viaduto Antártica (zona oeste)

- Avenida Afrânio Peixoto (zona oeste)

- Avenida Valdemar Ferreira (zona oeste)

- Avenida Professor Manuel Chaves (zona oeste)

- Avenida Vereador José Diniz (zona sul)

- Avenida Carlos Caldeira Filho (zona sul)

- Estrada do Campo Limpo (zona sul)

Nesta segunda-feira essas vias já começam a receber os avisos para alertar os motoristas sobre as mudanças.

Mais cinco vias

Outras cinco vias tiveram o limite reduzido a partir desta segunda-feira. O limite de velocidade nas avenidas Angélica e Pacaembu, na região central de São Paulo, caiu de 60 km/h para 50 km/h nesta segunda-feira (17).

Nesta segunda, também passam a ter essa nova velocidade máxima a avenida Doutor Abraão Ribeiro e a Rua Major Natanael, que são próximas à Avenida Pacaembu, e a Avenida Nadir Dias de Figueiredo, na Zona Norte de São Paulo.

Também na quinta, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu a redução dos limite. "É muito importante esse gesto de São Paulo que já está sendo seguido por outras cidades do Brasil. São Paulo está liderando um processo importante para salvar vidas e melhorar as condições de funcionalidade da cidade, com menos acidentes, mais fluidez e obviamente menos letalidade", completou.

O processo começou com a redução dos limites nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros. Nas pitas locais, a velocidade máxima já é de 50 km/h. Até dezembro, todas as vias da cidade, com exceção do corredor Norte-Sul e as pistas expressas e central das Marginais, terão esse novo parâmetro.

Algumas vias importantes da cidade como Jacu-Pêssego, Aricanduva e Minhocão já passaram por essa redução.

Multas canceladas

No caso da Sena Madureira e da Avenida Braz Leme, que também tiveram o limite reduzido para 50 km/h, a Prefeitura de São Paulo disse que vai cancelar as multas de velocidade aplicadas no início desta semana. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) reajustou os radares eletrônicos para o novo limite antes de afixar faixas de aviso à população.

Podem ser canceladas as infrações de velocidade dos motoristas que passavam pela Braz Leme entre 9 e 11 de agosto e, na Sena Madureira, entre 8 e 11 de agosto, desde que os condutores estivessem abaixo do limite anterior de velocidade das vias, que era de 60 km/h.

Paulista deve ser fechada aos domingos em definitivo ainda neste mês, diz Haddad

19/08/2015 - O Estado de SP / G1 SP / UOL-Folha

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse na manhã desta terça-feira, 18, que o segundo e último teste de abertura da Avenida Paulista para pedestres e fechamento para carros, previsto para o próximo domingo, será decisivo para a Prefeitura deliberar se adota a medida em definitivo aos domingos. Haddad afirmou que é "provável" que a decisão já comece a valer a partir do fim de semana seguinte, dia 30.

Segundo o prefeito, estudos técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) indicam que a proposta de bloqueio é "possível e desejável". "A CET pediu um segundo e último teste para a tomada de decisão final. Se tudo funcionar como previsto, nos estudos, a decisão vai ser tomada no sentido de abrir todo domingo para a população. Os estudos vão na direção de que é possível e benéfico para a cidade"" afirmou Haddad.

O primeiro teste foi feito em 28 de junho, na inauguração da ciclovia da avenida. O segundo ocorre no próximo domingo, durante a inauguração da ciclovia da Avenida Bernardino de Campos. Segundo o prefeito, desde junho, a CET tem feito reparos em relação a equipamentos "que precisam ter garantido o acesso", como clubes, hospitais e condomínios.

A presidente da Associação Paulista Viva, Vilma Peramezza, demonstrou surpresa com a declaração de Haddad. Segundo ela, uma reunião com a CET no dia 6 de agosto definiu que a entidade teria 30 dias para entregar um levantamento dos prejuízos causados aos estabelecimentos comerciais com o bloqueio da via. O prazo expira em 6 de setembro.

Vilma disse que a Prefeitura fez estudos técnicos, mas esqueceu dos impactos econômicos que a medida poderá causar. Segundo ela, a associação foi procurada por clubes e cinemas que ameaçaram fechar as portas em caso de bloqueio da via. Questionada se é contra ou a favor do fechamento, a presidente não quis responder, mas aproveitou para fazer uma crítica. "Estamos vivendo dias terríveis. Tenho 73 anos e nunca vi isso. É contra ou a favor (do fechamento)? Aí  você carimba: quem é a favor, é progressista; quem é contra, é coxinha."

Minhocão. Vilma rebateu comparações entre o fechamento do Minhocão e da Paulista. "O Minhocão pode virar uma praça. Já matou a Avenida São João há muitos anos. A Paulista tem outra história. Não existe lugar mais democrático do que a Avenida Paulista." Após dois testes da CET, o Elevado Costa e Silva, o Minhocão, foi fechado em definitivo aos sábados, a partir das 15 horas, desde 11 de julho.

G1 SP

Paulista deve ser fechada mais uma vez para carros no final de semana

Haddad quer fechar via para inaugurar ciclovia da Bernardino de Campos. Em 28 de junho, avenida ficou fechada para carros e virou espaço de lazer

O prefeito Fernando Haddad afirmou nesta quarta-feira (29) que estuda fechar a Avenida Paulista para a inauguração da ciclovia na Avenida Bernardino de Campos, que é a continuação da Paulista no sentido Paraíso. A Prefeitura confirmou durante a noite desta quarta que ela será aberta ao público em 23 de agosto, um domingo.

"Eu não tenho certeza absoluta, mas pode acontecer, tenho que consultar a CET. Eles estão conversando com os últimos atores que dependem do acesso aos domingos, como clubes, hospitais da região e estão fazendo esse acompanhamento antes de tomar uma decisão definitiva", afirmou.

Para Haddad, antes de fechar para o tráfego de veículos, o ideal seria fazer mais um teste.

"Pode ser que haja um teste, eu não estou informado, mas seria bom que houvesse mais um teste antes de uma decisão final para dar tempo inclusive de conversar com os atores da região", completou.

A Avenida Paulista foi fechada para carros das 10h às 17h do dia 28 de junho, quando a ciclovia da via foi inaugurada, e se tornou um grande espaço de lazer para os paulistanos.

A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano.

Atualmente, a cidade possui 349,7 km de infraestrutura cicloviária permanente.

Até o último balanço divulgado pela CET, a obra da ciclovia da Paulista tinha custado R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as Avenida Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.

Com a implantação da ciclovia, foram retiradas as floreiras e relógios do canteiro central. Alguns relógios devem ser realocados posteriormente nas calçadas. Os pedestres ficam na ilha de segurança durante a travessia.

"Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos", afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. "Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança", disse. 

UOL

Paulista deve fechar para carros aos domingos; comércio reage

Medida ainda não passou por 2º teste, mas prefeito Haddad (PT) já disse que fechamento é provável

A avenida Paulista, na região central de SP, deverá ser fechada aos veículos todos os domingos para se transformar em um espaço de lazer de pedestres e ciclistas. O anúncio já provocou forte reação de comerciantes locais.

Um primeiro teste do fechamento ocorreu em junho, quando foi inaugurada uma ciclovia na avenida.

Antes decidir se a medida seria definitiva, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) havia pedido um segundo teste à prefeitura, que vai ocorrer neste domingo (23).

O prefeito Fernando Haddad (PT), porém, adiantou que a mudança é quase certa e já deverá ocorrer na semana seguinte ao teste. "É provável [o fechamento definitivo no dia 30]. A decisão é da CET", disse o petista nesta terça (18).

Para Vilma Peramezza, presidente da Associação Paulista Viva, o fechamento é uma ação de "marketing" da prefeitura e deve prejudicar estabelecimentos comerciais (leia texto na pág. B3).

No primeiro teste, quando milhares de pessoas passaram pela avenida, estudos da CET não apontaram graves prejuízos ao trânsito de carros e do transporte público, desviado para ruas paralelas.

"O primeiro teste foi ótimo, foi benéfico para a cidade. A CET conversou com hospitais, clubes e condomínios. A avaliação mostrou que a iniciativa é desejável e possível", disse o prefeito.

No próximo domingo, a via será fechada para a inauguração da ciclovia da avenida Bernardino de Campos, que ligará a Paulista e a rua Vergueiro, no Paraíso (zona sul).

No mesmo dia, dois mirantes, cedidos a empresários, serão inaugurados na região. Os espaços terão restaurantes, cafés e bicicletário.

"Se tudo funcionar como previsto, a decisão será tomada no sentido de abrir para a população", disse Haddad.

Na sexta (21), a prefeitura vai anunciar uma série de regras que orientarão o tráfego na região aos domingos, como permissão para que moradores entrem com carros e facilidade de acesso a hospitais.

MARCA BARATA

Com problemas financeiros e dificuldades para cumprir promessas, Haddad, que é pré-candidato à reeleição no ano que vem, investe em marcas baratas de governo, nas áreas de mobilidade e de ocupação do espaço público.

Após as faixas de ônibus e as ciclovias, agora aposta no fechamento de vias para lazer, tendo a Paulista como destaque principal. O Minhocão, aberto para pedestres aos domingos, também virou espaço de lazer aos sábados.

Adversários políticos dizem que, com estratégia, o petista tenta criar uma cortina de fumaça para desviar a atenção de temas como falta de creches e problemas na saúde.

Pré-candidato à prefeitura pelo PSDB, o vereador Andrea Matarazzo afirma que a região da Paulista já tem vários espaços de lazer, como o Parque Trianon e o Ibirapuera.

"Mais importante é discutir se fecha ou não fecha a avenida Águia de Haia [periferia da zona leste], onde não tem verde, não tem lazer."

Em recente entrevista à Folha, Haddad disse que outros locais terão vias fechadas para carros, nos moldes da Paulista. Um dos locais estudados é a avenida conhecida como Tiquatira, na zona leste.

Folha de SP

Fechar avenida é marketing e traz prejuízo, diz associação

Segundo entidade, faturamento caiu nos dias em que Paulista foi bloqueada. 'Não afeta o trânsito significativamente. Há várias vias laterais que podem ser usadas', diz superintendente da ANTP

Entidade que atua como porta-voz de empresários, comerciantes e moradores da região da avenida, a Associação Paulista Viva diz que a iniciativa da gestão Fernando Haddad (PT) de fechar a via para carros aos domingos é apenas uma ação de marketing.

"Já estamos sendo procurados por várias entidades. Jornaleiros, taxistas, hotéis, estacionamentos. Todos eles são unânimes: o prejuízo é muito grande", afirma a presidente da associação, Vilma Peramezza. "Nos restaurantes, o movimento cai de 30% a 40%", completa.

Segundo a entidade, os prejuízos foram registrados no dia 28 de junho, quando a via ficou fechada para a inauguração da ciclovia, e no último domingo (16), devido aos protestos contra a presidente Dilma Rousseff.

Para ela, a cidade tem outras opções de lazer, como praças, parques e o centro velho.

"Por que a Paulista? Porque dá ibope, porque é marketing, porque fazer polêmica na Paulista dá imprensa", afirma. "Eu não acredito que [na prefeitura] estejam preocupados com o lazer de ninguém."

As declarações de Vilma mostram forte mudança de tom da associação em relação ao tema. Até então, antes do anúncio desta terça-feira (18) de Haddad, ela vinha mantendo um discurso de diálogo com a prefeitura.

Numa linha de ruptura com a gestão petista, a presidente da entidade afirma que o fechamento da via "é uma discussão falsamente ideológica" e que os contrários são acusados de elitistas. "A Paulista é a avenida mais democrática que existe, recebe gente de todas as partes."

Vilma disse também que a prefeitura se limitou a fazer um estudo de trânsito, sem medir outros efeitos.

Informada sobre as críticas, a prefeitura afirmou em nota que, "em uma eventual abertura permanente da Paulista [para pedestres] aos domingos, serão levados em conta os resultados dos dois testes e as considerações de todos os atores envolvidos".

A Folha procurou os quatro shoppings da região da avenida. Só o Pátio Paulista respondeu. Segundo o centro comercial, a "preocupação" é como será o acesso de carros aos domingos, "segundo melhor dia de movimento".

Já a maioria dos hospitais afirma que não há problema no bloqueio aos domingos.

"Não afeta o trânsito significativamente. Há várias vias laterais à Paulista que podem ser usadas", afirma Luiz Carlos Néspoli, engenheiro e superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

Segundo ele, vias como Estados Unidos, Vergueiro, Nove de Julho e Oscar Freire podem ser usadas para este fim, tanto pelos carros como pelas linhas de ônibus. "Só precisa garantir acesso aos hospitais", completa.


"É uma medida que ajuda a humanizar São Paulo. Você percebe melhor os problemas da cidade com o pé no asfalto, até para cobrar melhor o poder público", afirma Silvia Stuchi, especialista em mobilidade a pé. 

ARGUMENTOS CONTRA

MORADORES

Residentes idosos se queixam da dificuldade de locomoção

SERVIÇOS

Dificulta o acesso aos hospitais da região e aos hotéis e estacionamentos que têm entrada pela avenida

COMÉRCIO

Estabelecimentos reclamaram da queda no movimento no fechamento de 28 de junho, segundo Associação Paulista Viva

TRANSPORTE

Infraestrutura das vias paralelas não foi planejada para comportar o tráfego dos ônibus, cujas rotas são desviadas

ARGUMENTOS A FAVOR

ESPAÇO DE LAZER

Cria área para os pedestres e os ciclistas com grande ofertas de serviço e de fácil acesso

SEGURANÇA

Favorece a segurança ao estimular a convivência de pedestres e ciclistas

TRÂNSITO

Congestionamento no domingo costuma ser mais tranquilo, com menor movimento

DESLOCAMENTO

Não prejudica o trânsito da região, que pode ser desviado para ruas próximas, explica Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos