segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Após apagar grafites, Doria inaugura corredor verde na av. 23 de Maio

05/08/2017 - Folha de São Paulo

Adriano Vizoni/Folhapress

Prefeito João Doria durante inauguração do corredor verde da avenida 23 de Maio, em São Paulo
Prefeito João Doria durante inauguração do corredor verde da avenida 23 de Maio, em São Paulo

GIBA BERGAMIM JR.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), inaugurou neste sábado (5) o que chamou de "maior corredor verde do mundo" na avenida 23 de Maio, na zona sul.

Formado por plantas instaladas em pequenos vasos nos muros da avenida, ele tem cerca de seis quilômetros de extensão e aproximadamente 11 mil m2 de jardins verticais.

As paredes verdes foram idealizadas na gestão passada, do prefeito Fernando Haddad (PT), como forma de compensação pela retirada de aproximadamente 800 árvores de uma área verde na região do Morumbi (zona oeste). A medida, que começou nas empenas de prédios do Minhocão foi intensificada na 23 já sob Doria.

Botânicos e ambientalistas dizem que a medida sozinha se mostra inócua para compensar a perda do verde. A gestão, por outro lado, diz que ela se soma ao plantio de árvores —serão 200 mil até o final do ano, promete o tucano– e não é tratada como forma única de compensar cortes.

Doria disse que todo o paredão foi financiado por empresas e que o projeto deixa a cidade "mais humana e mais feliz".

No início do ano, grafites expostos nos muros onde hoje estão as plantas foram apagados, medida que irritou artistas.

Dias após a mudança, o prefeito disse que houve erro de avaliação e anunciou que criaria um museu de arte a céu aberto. "Sete painéis de grafite estão preservados aqui na 23 de Maio", disse ele.

Idealizador do projeto dos paredões, Guil Blanche, do Movimento 90º, disse que 251 mil mudas plantadas serão irrigadas com água da chuva. "É um jardim de baixíssima manutenção e grande duração", explicou.

O prefeito prometeu pelo menos mais dois novos corredores verdes, mas não citou em quais avenidas. Disse que em nenhum deles será usado dinheiro público, porém tampouco divulgou quais empresas já se apresentaram como patrocinadoras das próximas fases do projeto.

"O ganho urbanístico é imenso, porque não só contém a poluição, como o barulho", disse o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Gilberto Natalini.

Ele afirmou que já foram plantadas 60 mil árvores na cidade neste ano e que a meta é chegar a 800 mil até o final da gestão.


terça-feira, 13 de junho de 2017

Nova Lapa tem mais de duas mil unidades entregues desde agosto de 2016

11/06/2017 - O Estado de S. Paulo

Plínio Aguiar

No início do século 18, a região onde hoje encontra-se o bairro Vila Anastácio era propriedade de um militar. A fazenda do coronel Anastácio de Freitas Trancoso era composta por plantações de chá, cana-de-açúcar, café e algodão. De lá para cá, a região se transformou em área urbana, ganhou o nome de Vila Anastácio e até recebeu imigrantes do leste europeu em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Agora, essa região da Lapa, na zona oeste paulistana, passa por uma nova transformação com a chegada de prédios de bom padrão e projetos ecológicos - desde agosto de 2016, já foram entregues 2.088 apartamentos. O bairro possui fácil acesso para a marginal Tietê e rodovias Bandeirantes e Anhanguera. E como quase qualquer bairro da capital, tem padarias, restaurantes e comércios. A transformação pode ser ainda maior, já que o mercado imobiliário está denominando a região de "Nova Lapa", numa tentativa de valorizar a região deixando para trás seu passado fabril e popular.

Um dos novos empreendimentos é da incorporadora Living, marca do grupo Cyrela. "A Lapa é um dos bairros mais tradicionais da zona oeste, possui amplo comércio, opções de supermercados, as padarias ganham cada vez mais atenção e esse é o cenário ideal para a chegada do nosso projeto", afirma o diretor da incorporação na capital paulista, Eduardo Leite.

O Living Wish Lapa possui mais de 20 mil metros quadrados com 307 apartamentos distribuídos em cinco torres, de dois e três dormitórios, nas metragens de 55, 65 e 81 m². Entre os itens de lazer estão uma quadra de tênis com medidas oficiais, uma piscina monumental com deck e bangalôs, terraço, brinquedoteca, espaço para os animais de estimação, espaço gourmet e quatro churrasqueiras com forno de pizza. Os apartamentos custam entre R$ 350 mil a R$ 654 mil.

A Even Incorporadora também deixa suas marcas na "Nova Lapa" com quatro empreendimentos. Todos foram construídos na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Três deles já foram entregues no final do ano passado e o último está na segunda fase de obras.

As quatro torres fazem referência ao bairro. No Bosques da Lapa, as unidades possuem metragem de 55 m² a 69 m², de dois ou três dormitórios. Já o Parques da Lapa tem metragem de 96 m², sendo de dois a três cômodos. O Praças da Lapa possui dois ou três dormitórios, de 66 m² a 87 m². E a unidade do Quintas da Lapa tem 134 m², três ou quatro quartos. Os valores dependem da metragem, podendo custar de R$ 387 mil a R$ 1,17 milhão.

O complexo construído pela Even tem, ao todo, 963 unidades. "Nós tínhamos uma demanda muito grande na região da Lapa e resolvemos expandir, alcançando a Vila Anastácio", afirma o diretor comercial e de clientes da Even, Marcelo Dzik.

Segundo o diretor, cerca de 90% das unidades já foram vendidas. "Acreditamos no potencial da região, aliado a um custo-benefício e, por isso, um número que esperávamos", conta. "A transformação do bairro está ocorrendo muito rápido e de forma colossal", diz Dzik.

A MAC Construtora também se instalou no bairro, com o empreendimento Boulevard Lapa. São 218 unidades, de 59 m² e 76 m² com dois ou três dormitórios. O valor para a unidade de 59 m² é de R$ 399 mil. A construtora não divulgou o preço máximo, apenas informou que restam três apartamentos à venda. O edifício ficou pronto em agosto último.

Espaço zen, piscina coberta e climatizada, home cinema e outras opções de lazer fazem parte do Home Club, dentro do complexo Caminhos da Lapa, empreendimento feito pela Brookfield Incorporações em parceria com a Helbor Empreendimentos. O antigo terreno utilizado pela fábrica da Sadia deu espaço para duas torres com 200 apartamentos cada - de 62 m² a 92 m², de dois ou três dormitórios. Segundo a companhia, os valores vão de R$ 7.687 a R$ 9.180 / m².

O corretor de imóveis Israel Garcia, de 30 anos, é um dos compradores do Home Club. Ele mora atualmente em Santa Cecília e espera, ansiosamente, a entrega da unidade de 79 m², com três dormitórios, que teve custo de R$ 690 mil.

"Eu comprei pela relação custo-benefício, pela localidade e por ser um apartamento melhor e maior que o meu atual", afirma. O corretor acrescenta: "Eu quero ter filhos e esse fator contou na hora da compra, por ser um condomínio que atende as nossas necessidades".

Para o diretor de atendimento da Lopes, que administra as vendas do complexo, o objetivo é expandir a valorização da Lapa para a região. "É uma das poucas regiões bem localizadas em São Paulo que ainda possui terreno para fazer empreendimentos", afirma.

Outro empreendimento dentro do complexo Caminhos da Lapa é o Vanguarda. Também são duas torres, com 100 apartamentos cada - de 128 a 157 m², com dois, três ou quatro dormitórios. A área de lazer é composta por sala de pilates, de ioga, spa, fitness aeróbico, piscina, entre outros itens. A construtora não divulgou os valores para as unidades.

Raízes. O publicitário e fundador da Eugênio Marketing Imobiliário, Maurício Eugênio, diz que o contraste entre as casas simples e modestas e os novos edifícios não prejudica as vendas e pode ser visto de forma elegante. "Não é o velho, é o tradicional. Os futuros moradores poderão olhar pelas janelas e verem as raízes daquele bairro", diz.

"O caminho da Vila Anastácio é de ser a Lapa", afirma o publicitário. Segundo ele, o mercado apenas expandiu os empreendimentos que na Lapa não são mais possíveis. "Os novos condomínios trazem infraestrutura e serviços e, evidentemente, sem desrespeitar a origem e história do bairro." O diretor de incorporação da Cyrela acredita que o contraste é um sinal de valorização, uma vez que se pode ter desenvolvimento. "É dar uso mais qualificado para o uso anterior, ou seja, é transformar com normas modernas, mais sofisticadas", afirma.


Mudança de nomenclatura. O setor imobiliário adota, com certa frequência, uma nova nomenclatura de regiões já existentes para tentar valorizá-laas, assim como os empreendimentos lançados nesses locais. Foi assim que a região Thomas Edison virou Jardim das Perdizes e a Vila Anastácio ganhou o apelido de Nova Lapa.

Nem sempre, porém, os compradores são atraídos por esses "novos bairros". Segundo a moradora Karen Grasson, de 40 anos, o nome chama a atenção, mas não foi decisivo na hora da aquisição. "Eu comprei pela infraestrutura que o bairro tem, assim como o meu antigo apartamento", afirma.

Karen morava antes em Perdizes e, há um ano, vive em um apartamento de 200 m² em Jardins das Perdizes com o marido e os dois filhos. Na época, a moradora pagou R$ 600 mil pelo imóvel.

"É uma questão de identificar o bairro por um nome que a cidade já conhece", afirma o publicitário e fundador da Eugênio Marketing Imobiliário, Maurício Eugênio. "Aconteceu a mesma coisa com o Morumbi, que daqui a pouco chega a Curitiba, de tão grande que se tornou", ironiza.

O professor de arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Luiz Guilherme Rivera de Castro, concorda com o publicitário. "É uma operação de marketing feita pelo setor (imobiliário), à qual se dá atribuições de bairros já valorizados para bairros ainda não tão valorizados", afirma.

O publicitário conta que existe um efeito migratório em direção à zona oeste da cidade. "Por ser uma região muito desejada, o setor acaba mudando a nomenclatura para facilitara as vendas".

Karen acredita que a zona oeste seja uma das melhores regiões da capital: "São bairros autossuficientes. Tem-tudo o que se precisa".

Eugênio considera a alteração de nome positiva: "Não quer dizer que o setor está eliminando um bairro da cidade". Para ele, por exemplo, a Vila Anastácio está sofrendo uma mudança e irá crescer muito mais, pelo simples fato de existir uma oferta de terrenos disponíveis para incorporações, que outras áreas da cidade já não têm.

Castro reconhece que a mudança pode causar desconforto para a população que já vivia no local. "Uma parte vai ficar contente com a valorização dos imóveis, outros encontrarão dificuldades de permanecer no bairro, principalmente aqueles com menor renda", diz.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Plano prevê ligação entre antiga Cracolândia e Bom Retiro

07/06/2017 - R7

Objetivo seria facilitar acesso a equipamentos culturais, de lazer e comércio

Agência Estado  

Usuários de drogas se mudaram para a área da praça Princesa Isabel
Gustavo Basso/R7

Além de construção de moradias populares, instalação de equipamentos públicos e requalificação urbanística de praças, ruas e calçadas, a gestão João Doria (PSDB) estuda construir passagens sobre os trilhos de trem na região da Luz para conectar a antiga Cracolândia ao bairro do Bom Retiro.

O objetivo seria facilitar o acesso dos moradores da área batizada como Nova Luz aos equipamentos culturais, de lazer e comércio já existentes no bairro vizinho e promover uma circulação maior de pessoas pelas ruas que até o mês passado concentravam uma feira de drogas e um acampamento de dependentes químicos ao ar livre.

A ideia é que ao menos duas passagens, para pedestres e veículos, sejam feitas por cima ou por baixo dos trilhos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), da Estação Júlio Prestes e da Sala São Paulo. A Prefeitura negocia com o governo do Estado para que as obras sejam incluídas na Parceria Público-Privada (PPP) da Habitação no Centro.

"Os trilhos fragmentam a região da Luz e funcionam como barreiras físicas. Essas conexões urbanas juntariam duas áreas ricas em história e equipamentos culturais", diz a secretária de Desenvolvimento Urbano, Heloisa Proença, responsável pelas ações de urbanismo na antiga Cracolândia.