quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Novos prédios têm carro e até imóvel para uso coletivo

20/12/2015 - Folha de São Paulo

Você precisa de uma furadeira, mas não quer comprar uma. Gosta de ter a opção de andar de carro, mas só de vez em quando. Pensa em trabalhar fora do escritório, porém não tem espaço em casa. Nada disso é um problema se você morar em um condomínio com serviços compartilhados.

Tendência já consolidada em diferentes setores, como transporte (com o aplicativo Uber) e aluguel de temporada (com o site Airbnb), a economia compartilhada chegou ao prédios residenciais.

Exemplo disso é um dos prédios recém-lançados pela construtora Gafisa em São Paulo. Com entrega prevista para 2018, o Smart Santa Cecília terá bike e "car sharing" -expressões usadas para descrever estações com bicicleta ou carro de uso comum.

Além disso, os prédios terão um apartamento coletivo. Mediante o pagamento de uma taxa definida pela administração do condomínio, o morador poderá receber hóspedes no imóvel, decorado pela construtora. O prédio ainda tem unidades à venda, a partir de R$ 198 mil (26 m²). 

ÁREAS COMUNS 

Não é de hoje que os condomínios têm espaços coletivos, mas antes eles ficavam restritos às piscinas, salões de jogos e churrasqueiras, explica a economista e professora da ESPM Neusa Souza.

"É muito acertado as incorporadoras oferecerem outras oportunidades de compartilhamento. O comportamento social passou a ser mais sustentável e repensou os padrões de consumo", afirma.

Outra incorporadora que aposta no conceito, em São Paulo, é a Vitacon. Além de bicicleta e carro compartilhados, os prédios da empresa vêm com caixa de ferramentas e salas de "coworking".

"Faz parte de uma mudança social. As pessoas estão menos apegadas à ideia de ter coisas e buscam uma eficiência maior nos recursos", afirma o CEO da empresa, Alexandre Lafer Frankel.

A analista de RH Camila Barossi, 26, se mudou há pouco mais de um mês para um apartamento no Vox Vila Olímpia, que tem estação de bicicletas e lavanderia coletiva. Os serviços contaram na hora de ela decidir pela compra do imóvel.

"Eu não tenho carro e, quando precisar, terei uma bicicleta à disposição. Vou andando para o trabalho e agora pretendo ir de bike", diz ela, que também quer usar a lavanderia coletiva.

Morador do mesmo prédio, o contador Jean Rodrigo, 27, conta que o valor da lavanderia vem embutido no condomínio. "Se eu fosse comprar uma lavadora e uma bicicleta, gastaria muito mais." 

SEM VOLTA 

Para Gustavo Reis, gerente de marketing da Tecnisa, o condomínio compartilhado é uma tendência sem volta.

"Existe um movimento de conscientização nesse sentido. Há todo um debate em torno da mobilidade urbana com as novas ciclovias."

A incorporadora tem seis empreendimentos na capital com bike e "car sharing".

Apesar de sempre existir, o ato de compartilhar objetos foi potencializado recentemente, de acordo com Souza. Um dos motores do compartilhamento é a tecnologia, que facilita a prática por meio de sites e aplicativos.

Seguindo essa lógica, a Gafisa pretende lançar um aplicativo para os futuros moradores do Smart Santa Cecília se comunicarem.

"Eles podem anunciar objetos que querem compartilhar e também pedir algo de que precisam, desde uma furadeira até a indicação de uma diarista", diz o diretor da Gafisa Octavio Flores.

Segundo ele, graças ao compartilhamento os moradores vão se livrar de gastos como IPVA, seguro de carro e hotel para parentes.

Para Souza, o grande desafio da economia compartilhada é a aplicação em larga escala. "Para atingir a massa é preciso mudar a percepção das pessoas", diz. Para ela, ainda existe a impressão de que as garantias de se compartilhar são poucas e os riscos são grandes, o que, na maior parte das vezes, não é verdade.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Paulista vira camelódromo com artesãos

20/12/2015 - O Estado de SP

SÃO PAULO - A aglomeração de ambulantes na Avenida Paulista transformou um dos principais cartões-postais da capital em centro de comércio popular. Tomadas por músicos e bandas nos fins de semana, as calçadas agora são disputadas em dias úteis por artesãos. Contagem feita pelo Estado mostra que a via tem quatro vezes mais vendedores do que permite a Prefeitura - são até 235 artesãos da Praça Osvaldo Cruz à do Ciclista, enquanto o limite é de 50.

A reportagem percorreu a via às 14 horas de sexta-feira. Desde o ano passado, com a Lei dos Artistas de Rua, de autoria da gestão Fernando Haddad (PT), os artesãos formam uma categoria regulamentada pela Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sucato). O comércio é autorizado para ambulantes que produzem seus próprios artigos. Para quem não vende artesanato, a via não tem nenhum termo de permissão de uso (TPU) expedido - documento obrigatório para o comércio informal.

A proliferação recente de artesãos na região, com barraquinhas e mostruários espalhados pelo chão, é sentida por quem já atua na Paulista há mais tempo. "São uns 300 hoje, não? A Paulista é onde a cidade acontece”, diz a artesã Tereza de Jesus Neves, de 65 anos, que vende pulseiras, colares e anéis feitos à mão na via faz um ano.

A percepção de Tereza é confirmada pela história de Roseli Oliveira, de 46 anos. Vendedora de bonecos de biscuit, ela pediu demissão da empresa onde ficou por 15 anos para trabalhar por conta própria. Roseli começou a vender na via há duas semanas. Todo dia, ela sai de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. "Aqui o público é diferente. Conseguimos vender mais”, afirma.

Na Avenida Paulista há seis meses, a psicóloga Camila Almeida, de 40 anos, vende cartazes temáticos na esquina com a Rua Professor Otávio Mendes, ao lado do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Seu principal público são os turistas. "A Paulista é o lugar onde as pessoas vêm passear. Todo lugar que você vai no mundo encontra uma grande avenida que vende artesanato local. Esse pessoal (artesãos ambulantes) não tem dinheiro para pagar aluguel”, diz.

Degradação. Para Lúcio Gomes Machado, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de São Paulo (USP), a Paulista está "degradada”. Ele diz que a concentração de artistas e vendedores exige mais "cuidado” com a via.

"O lazer da população tem de ser distribuído entre os parques. Não se pode concentrar tudo só na Avenida Paulista. Com tanta coisa acontecendo ali, estamos engarrafando e acabando com a avenida, assim como aconteceu com a Praça da República e a Praça da Sé”, afirma Machado.

Em nota, a Prefeitura informa que agentes da Subprefeitura da Sé fiscalizam a via diariamente. Para evitar a degradação denunciada pelo urbanista, a gestão Haddad afirma também que vai pintar números de 1 a 50 nas guias, nos canteiros e nas calçadas para sinalizar os locais, em ambos os sentidos, onde o artesanato é permitido.

Na frente do Shopping Center 3, por exemplo, serão cinco profissionais. A intenção é evitar "engarrafamento” de pedestres. O lugar com a maior concentração de vendedores será diante do Casarão da Família Franco de Mello e do Parque Mário Covas: no máximo, oito. Com a numeração, a Prefeitura torna obrigatório o uso de tripés desmontáveis de 1,50 metro de largura por 0,70 m de comprimento. O limite de artesãos foi estabelecido pela Subprefeitura da Sé em janeiro, mas entra em vigor somente agora.

Calçada lotada. O analista de marketing Daniel Tazinaffo, de 28 anos, trabalha na região da Avenida Paulista e diz que às 18 horas a calçada "vira um inferno”. Para ele, falta um espaço regulamentado para a exposição dos produtos dos artesãos. "Eles geralmente ficam perto de metrô, onde tem a maior concentração de gente”, afirma.

Para Caio Lopes, de 35 anos, advogado em um escritório no cruzamento da Paulista com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na maior parte do tempo os vendedores não interferem no seu trajeto. Lopes reconhece, no entanto, que "de vez em quando” é possível perceber o incômodo dos pedestres. "Tem horas que fica um pouco tumultuado, dependendo da localização do ambulante.”

A auxiliar de biblioteca Dayane Teixeira, de 28 anos, também trabalha na área e concorda que, dependendo do trecho, os artesãos podem obstruir a passagem. Ela cobra organização da gestão municipal. "Tem de existir um planejamento. Não pode só pensar no saneamento, em fazer uma limpa.”

O professor universitário William Freitas, de 29 anos, mora atrás do Masp e caminha até o trabalho. Ele percorre o trajeto há menos de um ano e disse que, nos últimos meses, percebeu um "aumento exponencial” do número de vendedores nos dias semana.

"No cruzamento perto do Masp havia apenas um senhora vendendo quadros de vinil no início do ano. Hoje, você se depara com uns seis ambulantes vendendo diferentes produtos só naquele cruzamento”, disse Freitas.

domingo, 15 de novembro de 2015

Prédio em SP terá miniapartamento de apenas 14 m²

14/11/2015 - O Estado de SP

EDISON VEIGA

Tamanho equivale ao espaço interno de duas Kombis e já há fila de interessados; metragem vem caindo na cidade nos últimos 10 anos

Foto: Hélvio Romero/ Estadão
Foto: Hélvio Romero/ Estadão

“Seu apartamento pelo preço de um carro: o menor e mais inteligente apartamento do Brasil”. É com essa premissa marqueteira que a incorporadora e construtora Vitacon prepara o lançamento de um edifício, no Bom Retiro, que terá unidades de 14 metros quadrados – oficialmente, o preço e a data de lançamento ainda não foram divulgados, mas corretores ouvidos pela reportagem cravam em valores a partir de R$ 89 mil e no início das vendas na próxima terça (17). Se o preço é de um carro, a área interna equivale ao espaço de duas Kombis. (Na foto acima, maquete do empreendimento.)

É uma tendência. Levantamento obtido pelo Estado mostra que, nos últimos dez anos, o número de unidades lançadas em São Paulo com menos de 40 metros quadrados saltou de 960 para impressionantes 7.810 – de 2005 a 2014. Até setembro deste ano, com crise e tudo, já são 3.170 lançamentos do tipo na cidade. Os dados são da Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp).

“Isto aconteceu porque os imóveis se tornaram muito caros em São Paulo. Assim, as unidades menores surgiram como soluções não proibitivas”, analisa Fernando Pompéia, diretor de Planejamento e Pesquisa da Embraesp. “E o mercado imobiliário vive de ciclos. Se uma empresa lançou apartamento muito pequeno e fez sucesso, outras vão atrás.”

O cenário é confirmado por outro estudo da Embraesp, que detalha como a metragem quadrada dos novos apartamentos da cidade está despencando. Um apartamento de um quarto lançado em 2009 tinha, em média, 55,69 metros quadrados. Neste ano, a média caiu para 34,37 metros quadrados. Considerando a totalidade de unidades lançadas na cidade, de todos os tamanhos e padrões, a média era 79,7 metros quadrados em 2009 e, agora, está em 58,04 metros quadrados.

No discurso da Vitacon, o formato compacto é uma “resposta contra a crise”. “A gente se especializou neste segmento”, admite o CEO da empresa, Alexandre Lafer Frankel – a média de tamanho dos apartamentos dos 40 empreendimentos já entregues para construtora é de 28 metros quadrados. “Vivemos um momento de mudança social, em que as pessoas têm menos necessidade de espaço. Nossas unidades representam menor custo e um ganho em sustentabilidade e praticidade.”

Em 2013, a mesma Vitacon lançou um empreendimento, na Vila Olímpia, com unidades a partir de 19 metros quadrados. O prédio deve ser entregue no ano que vem. Seguindo a mesma onda, em 2014, foi a vez da Setin anunciar um prédio, no centro, com apartamentos a partir de 18 metros quadrados – há 45 dias o decorado do estande de vendas foi desmontado e as obras, iniciadas, com previsão de entrega em 2017. Já o empreendimento do Bom Retiro, em que 14 das 269 unidades terão os tais 14 metros quadrados, deve ficar pronto em 2018. (Abaixo, ilustração do interior do miniapartamento, conforme divulgação comercial da empresa.)

“Reduzir de 19 para 14 metros quadrados foi um salto gigantesco”, comenta Frankel. “Mas não acho que chegamos ao limite. O limite é a necessidade das pessoas. No Japão, já há apartamentos de 6 metros quadrados.”

Imagem: Reprodução

Visões. “Do ponto de vista da necessidade humana, não há sentido em moradias tão pequenas. O desejo do público é morar numa casa cada vez maior”, afirma o arquiteto Henrique de Carvalho, do ateliê Tanta. “O que a construtora faz é tornar o apartamento cada vez mais viável em espaços menores.”

“Em apartamento muito pequeno, é preciso inteligência para planejar o espaço interno”, avalia Carvalho. “É claro que é possível, dentro dessa metragem, buscar o melhor resultado para quem vai viver ali – muitas vezes adotando soluções não convencionais.”

“Eu não conseguiria viver num apartamento pequeno assim. Mas deve ser o jeito de solucionar o problema de quem precisa morar perto do emprego, por conta da dificuldade de locomoção, e não tem como arcar com os altos custos da região”, comenta o arquiteto e urbanista Lucio Gomes Machado, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). “Um apartamento desse tamanho obriga que toda a vida social seja feita externamente. É uma mudança de comportamento.”

“Com a renda da população estável ou diminuindo, a alternativa das pessoas é morar em espaços cada vez menores. Os juros exorbitantes do país também não ajudam em nada, já que encarecem e dificultam muito os financiamentos, aumentando o custo das unidades”, analisa o arquiteto Fernando Forte, do escritório FGMF Arquitetos.

“Se há um lado ruim nesse fenômeno, há talvez um lado bom, que a conscientização das pessoas com relação aos espaços públicos da cidade”, complementa o arquiteto Rodrigo Marcondes Ferraz, também do FGMF. “Se antes cada um só se preocupava com o interior de sua própria casa, agora morando em miniapartamentos as pessoas precisam usar mais espaços da cidade, o que demanda uma qualidade nos espaços públicos.”

Análises à parte, a resposta do mercado é o melhor estímulo para as construtoras seguirem apostando nos pequenos espaços. Antes mesmo do lançamento, as 14 unidades de 14 metros quadrados do Bom Retiro já têm, conforme o Estado apurou com corretores, uma fila de espera de mais de 30 interessados. “Vai lançar e esgotar em duas horas”, afirmou um deles.

Foto: Marcio Fernandes/ Estadão

Foto: Marcio Fernandes/ Estadão

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Prefeitura de São Paulo publica regras para cota de solidariedade

28/10/2015 - Valor Econômico

A Prefeitura de São Paulo regulamentou por meio de decreto a "cota de solidariedade", que deverá ser cumprida por construtoras que executarem obras de grande porte na cidade - mais de 20 mil metros quadrados construídos. A norma, porém, foi criticada por especialistas. Para eles, a regulamentação onera ainda mais as empresas.

A cota de solidariedade corresponde a 10% da área construída computável, que serão destinados a habitações de interesse social para famílias com renda até seis salários mínimos. É uma espécie de contrapartida pelo licenciamento de grandes empreendimentos imobiliários.

Publicado no Diário Oficial do Município, o Decreto nº 56.538, traz regras para o cumprimento da cota - criada pela Lei nº 16.050, de 2014, a Lei do Plano Diretor paulistano. Pelo decreto, parte do terreno do empreendimento deverá servir a habitação social.

As alternativas são construir a mesma área exigida em outro local, doar terreno de valor equivalente a 10% do total do empreendimento ou depositar 10% do valor da área total do terreno no Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb).

"O decreto exige que para a obtenção do habite-se de parte do empreendimento (uma de quatro torres residenciais, por exemplo), a cota de solidariedade referente a 100% da obra já tenha sido compensada", diz o advogado Pedro Bicudo, do Lobo & Ibeas.

Além disso, se a empresa optar pelo depósito para cumprir a cota, deverá depositar 50% do total antes de pedir o alvará de execução. "Isso traz um ônus excessivo ao empreendedor porque a incorporadora só pode comercializar o imóvel após o projeto ser registrado", afirma Bicudo.

Para o advogado, ambos os dispositivos são ilegais porque decreto não pode inovar lei. "Nenhuma dessas exigências consta do Plano Diretor", diz Bicudo. Segundo o advogado, com tais exigências, o mecanismo pode virar letra morta. "Na elaboração de novos projetos, as incorporadoras estão tentando fugir dos critérios que obrigam o cumprimento da cota."

A advogada Fernanda Rosa, do escritório Stocche Forbes, afirma que, embora conste na Constituição Federal que a moradia é um direito social, a competência para a melhoria das condições habitacionais, também de acordo com a Constituição, é do município. "A cota onera o empreendedor, que deverá repassar o custo extra ao consumidor", diz.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Prefeitura compra edifício Prestes Maia por R$ 22 milhões

19/10/2015 - O Estado de SP

SÃO PAULO - A Prefeitura comprou por R$ 22 milhões o prédio Prestes Maia, na Luz, região central de São Paulo, que nos últimos anos passou por uma série de ocupações por movimentos de luta por moradia e reintegrações de posse. Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), o edifício de 22 andares irá receber cerca de 200 famílias.

"Nós acabamos de desapropriar o prédio que está ocupado há décadas. Fechamos sexta-feira o acordo com os antigos proprietários e agora vamos ao acordo com os ocupantes”, disse neste sábado, 17. Segundo ele, o imóvel será entregue à Caixa Econômica Federal para que o banco dê continuidade ao processo de tornar o edifício um programa de habitação do Minha Casa, Minha Vida.

"Agora ele já é público”, explicou. Haddad garantiu que as unidades habitacionais do prédio serão destinadas às famílias que o ocuparam.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Construtora do Rodoanel negocia novo acesso ao litoral sul paulista

08/09/2015 - Folha de S. Paulo

A construtora que participou das obras do Rodoanel de São Paulo prepara um novo projeto de PPP (Parceria Público-Privada) com a justificativa de desafogar os acessos ao litoral sul do Estado. 

A proposta envolve a construção de uma rodovia de 36 km partindo do Rodoanel Leste, em Suzano (Grande SP), em direção ao porto de Santos. 

Com apoio de prefeituras do litoral, o plano concorre com outros em discussão no governo paulista para ampliar nos próximos anos –após a retomada da economia nacional– as rotas rumo à Baixada Santista, 13 anos após a conclusão da Nova Imigrantes. 

A estrada batizada de Via Mar foi projetada pela Contern principalmente por meio de túnel no parque estadual da serra do Mar –com a justificativa de causar menos impacto e facilitar as licenças, pois não seria preciso abrir canteiros nem fazer estrada de serviço em toda a área de preservação ambiental. 

O projeto prevê um túnel contínuo de 21 km a 23 km, com tecnologia inspirada na do canal da Mancha, entre França e Reino Unido –duas vias interligadas, uma em cada sentido, mas com alguns poços de ventilação. 

Cada via teria 16 metros de diâmetro, suficientes para acomodar três faixas de tráfego em cima e uma ferrovia e faixa de dutos embaixo. 

A ideia é fazer primeiro a estrada, mas deixar espaço para implantar a ferrovia e os dutos numa segunda etapa. 

A primeira fase da obra foi estimada entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões –um pouco superior ao valor do Rodoanel Norte, último trecho do anel viário, com 44 km e previsão de término entre 2017 e 2018. 

Pelo modelo proposto, de PPP, uma empresa deve construir em troca de cobrar pedágio por determinado período. 

A estimativa é que a licitação demore de 12 a 18 meses e a primeira fase da obra seja concluída em quatro anos.

Um projeto preliminar foi apresentado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) há dois anos, mas foi considerado "inviável" por causa da "conjuntura econômica nacional". 

"O país está em situação delicada, não tem dinheiro sobrando. O governo tem interesse total nessa PPP, mas estão aguardando um momento mais favorável", afirma Wagner Leite Ferreira, ex-professor da Unesp e especialista em portos que assessorou a Contern no projeto. 

O governo diz que "mantém estudos técnicos" para encontrar formas de melhoria no acesso ao litoral paulista. 

Após a ampliação da Imigrantes em 2002, a expectativa era que a saturação das rotas ao litoral voltasse a ser discutida uma década depois. 

CORREDOR LOGÍSTICO 

O projeto de nova rota de acesso ao litoral prevê viabilizar um novo corredor logístico que reduza a dependência do sistema Anchieta-Imigrantes no transporte de cargas. 

Também cria opções que reduzam a dependência de caminhões nessa função. 

Além da estrada, a proposta inclui plataformas logísticas para organização do transporte ao porto de Santos –que recebe 12 mil caminhões/dia. 
"A carga chega a Santos hoje por uma rodovia projetada em 1943, a Anchieta. Além de ser obsoleto, é um sistema precário porque, quando há um acidente na serra, nossa principal saída de exportação fica inacessível", afirma Wagner Leite Ferreira, especialista que participou do novo projeto. 

Em abril, um incêndio em tanques de combustível durou nove dias e restringiu a entrada de caminhões no porto. Resultado: filas quilométricas no acesso a Santos. Em 2013, uma supersafra de grãos fez com que os acostamentos se tornassem estacionamento de caminhões esperando para descarregar. 

Nas plataformas previstas no projeto, a carga pode ser descarregada antes de chegar ao porto e ir ao litoral por ferrovia, em dutos ou outro caminhão. "Acaba com o turismo de caminhão lá embaixo." 

Além de cargas, a ferrovia prevista na segunda etapa também poderá abrigar trens de passageiros.

Fonte: Folha de S. Paulo
Publicada em:: 08/09/2015

domingo, 6 de setembro de 2015

Nova reforma do vale do Anhangabaú vai realinhar a São João

06/09/2015 - Folha de SP|

O vale do Anhangabaú, um dos símbolos do centro de São Paulo, deverá passar em 2016 pela quarta grande transformação de sua história.

A ideia é devolver ao local um pouco da sua concepção urbana original –quando ali, no início do século passado, a várzea natural deu lugar a um parque público.

Agora, o plano da gestão Fernando Haddad (PT) é fazer com que o Anhangabaú volte a reunir paulistanos para shows e grandes eventos em uma esplanada. O local terá ainda bancos espalhados para até 1.500 pessoas.

A estrutura de uma fonte, hoje abandonada, será retirada para desobstruir a passagem entre os dois trechos da avenida São João.

No centro do vale, a novidade serão espelhos-d'água móveis –os jatos, com água de reúso, poderão ser desligados em eventos maiores.

Árvores voltarão a demarcar as ruas do entorno.

"O vale não tem vida hoje, porque ele não tem borda. Com ela ativa, o espaço voltará a ser bom para o uso público", diz Gustavo Partezani, diretor da SP Urbanismo, empresa ligada à secretaria de Desenvolvimento Urbano.

O plano de reurbanização inclui pista de skate e quiosques com cafés, bancas de jornal e banheiros.

A prefeitura fará licitação para a obra, que deverá custar cerca de R$ 100 milhões. A previsão é começar a reforma no ano que vem.


URBANIZAÇÃO

Até o final do século 19, a região do Anhangabaú era usada para plantações, como as de chá, e lavagem de roupa nas águas do rio.

A ideia de urbanizar o trecho entre a rua Libero Badaró e a área onde hoje está o Theatro Municipal só surgiu no início do século passado.

Segundo o arquiteto Pablo Herenú, foi nesta época que o vale deixou de ser um obstáculo geográfico para virar um espaço público –o parque Anhangabaú.

O parque, entretanto, não durou muito, e as grandes avenidas liberaram o espaço para a passagem de carros.

"Nos anos 30, a chegada do automóvel começou a mudar tudo e, em 1950, o conflito entre carro e pedestre estava totalmente instalado", afirma Herenú à Folha.

Nas décadas seguintes, o local foi palco de grandes eventos. Em 1984, recebeu comício histórico das Diretas Já.

PROBLEMAS ATUAIS

Após se transformar de parque em passagem de carros e palco de protestos, o vale do Anhangabaú ganhou os contornos atuais no início da década de 1990.

Uma laje foi construída sobre dois túneis. Um buraco, onde deveria haver um café, com escadarias, cortou o caminho das pessoas que atravessam o vale pela São João.

Agora, a nova reforma proposta divide arquitetos. Enquanto alguns dizem que ela pode induzir mudanças na região, críticos chegaram a chamá-la de "perfumaria" diante dos problemas do centro.

"É absurdo um espelho-d'água numa cidade que não consegue manter nem uma cascatinha", disse em janeiro uma das autoras do projeto dos anos 90, Rosa Kliass.

Herenú elogia o fato de o vale estar no centro do debate, mas defende obras menores e graduais para testar a aceitação dos frequentadores. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Com aluguel mais caro e desemprego, favelas ressurgem em São Paulo

25/08/2015 - Folha de SP

O pedreiro João Batista, 45, está desempregado desde dezembro. Jailson de Lima, 46, até consegue obras, mas não tem dinheiro para pagar o aluguel, que subiu. Cristiane dos Santos, 27, viveu em um albergue, depois desistiu. No último ano, o endereço dos três virou o mesmo: favela.

Essas três pessoas, de lugares diferentes de São Paulo, engrossaram no último ano a massa de milhares de moradores dessas comunidades na capital paulista.

Nas últimas semanas, a Folha visitou cinco favelas. Uma delas, no Cangaíba (zona leste), ressurgiu em junho do ano passado, após quatro anos. Hoje, tem 2.000 famílias.

Na Radial Leste, uma foi reerguida após ação policial e outra aumentou de tamanho.

Uma quarta, em Guaianases (zona leste), nasceu há um ano num terreno da prefeitura destinado à habitação social. Outra cresceu dentro de um conjunto habitacional no Jaguaré (zona oeste).

Não há dados oficiais que indiquem que o número de favelas em São Paulo diminuiu ou aumentou nos últimos cinco anos. O último levantamento é do IBGE e mostra que, em 2010, existiam 1.643 comunidades em SP.

Sem dados atualizados, urbanistas, militantes e pessoas que atuam na área de habitação social são unânimes: cresceu o número de moradores nessas condições na cidade. São vários os motivos, em uma cidade com um deficit de 230 mil moradias.

"A única política habitacional que existe hoje é o Minha Casa, Minha Vida. Mas você é despejado hoje e entra na fila. Só vai conseguir uma vaga daqui cinco ou dez anos. Nesse tempo, vai para onde? Para uma ocupação", diz a urbanista Raquel Rolnik, colunista da Folha.

"E já há os primeiros sinais da crise econômica. Há mais desemprego e diminuição da renda. Para quem vive no limite, qualquer coisa faz diferença", completa Rolnik.

Já Juliana Avanci, 33, advogada do Centro Gaspar Garcia –entidade de direitos humanos que trabalha com moradores de rua–, diz que a crise ainda não é sentida. "Temos verificado um aumento de ocupações, sim. Mas a crise ainda não fez efeito", diz.

Para ela, o que leva gente às favelas é a dificuldade de acesso a políticas habitacionais para os de baixa renda.

"Outra coisa é o ritmo lento de construção de moradias da Cohab e da CDHU [empresas da prefeitura e governo de SP, respectivamente]."

Movimentos de moradia, como o MTST (sem-teto), têm dito que o grande aumento do preço dos aluguéis nos últimos anos contribuiu para o crescimento das ocupações.

Desde 2008, o preço do aluguel na capital teve um crescimento acumulado de 98%, segundo a tabela Fipe. A inflação no mesmo período foi de 54% (IGP-M). Nos meses de maio e junho de 2015, porém, os valores do aluguel caíram.

"As favelas estão crescendo, e cada vez mais para cima, com casas de dois, três andares. São insalubres, com problemas de ventilação e iluminação", diz Alex Abiko, professor de gestão habitacional da Poli-USP. Para ele, o poder público erra ao não atualizar informações sobre as favelas.

"Como fazer política pública se você não sabe onde essas comunidades estão, como as pessoas estão vivendo?"

Refavela

Em pouco mais de um ano, barracos ressurgem em duas áreas que haviam sido desocupadas pela polícia na zona leste de São Paulo

Por quatro anos ela esteve morta. Caiu em 2010, depois de uma reintegração de posse que terminou em confronto. A polícia jogou bombas; os moradores, pedras. Queimada, ela deixou de existir. Não para sempre: a favela da Tiquatira (zona leste de São Paulo) renasceu das cinzas.

O terreno ficou vazio até junho de 2014. Surgiram então alguns barracos de lona. Depois, de madeira. Depois, casas de alvenaria. Hoje, são 2.500 famílias vivendo em uma das favelas que surgiram na capital no último ano.

"Chamamos de comunidade Penha-Brasil. E o Brasil no nome é para mostrar que esse é o país que deram para nós", diz o pedreiro Jailson Lima, 46, apontando para o amontoado de barracos.

Jailson nunca morou em favela. No começo deste ano, desempregado, passou de trem e viu a comunidade crescendo. "Pensei: não consigo pagar o aluguel. Vou montar o meu barraco".

Chamou a irmã, Maria Lúcia da Silva, 47, que chegou com os filhos, marido e neto. Um dos filhos montou outra casinha ao lado. E assim foi.

Além das casas, no terreno, que só tinha mato, agora há mercadinhos, lan house e uma igreja da Assembleia de Deus. Tudo em um ano.

A área de 47 mil m², a poucos metros da marginal Tietê, pertence à CDHU, companhia do governo do Estado. Ali, por muitos anos existiu uma favela.

Em 2010, a Polícia Militar retomou a posse, a pedido da Justiça. O projeto era transformar a área em condomínio popular da CDHU. Em quatro anos, com o terreno vazio, nenhuma parede foi construída.

A Justiça determinou neste ano nova reintegração, que só deve ocorrer em 2016. Os moradores estão tensos com essa possibilidade.

O costureiro boliviano Fabian Alvares, 47, pagava R$ 600 de aluguel para viver em outra favela. Teve de sair em uma reintegração. Foi para Tiquatira há cinco meses. "Era o que tinha, aqui não pago aluguel. Mas, se tiver de sair, não sei o que fazer", diz.

FAVELA DO CIMENTO

A 8 km da favela da Tiquatira, outra nova favela renasceu, entre as pistas da Radial Leste, a poucos metros do viaduto Bresser, na Mooca.

De dia, os moradores formam fila para carregar sacos de cimento. De tarde, atravessam a rua para carregar pedaços de tábua. Com elas, erguem seus próprios barracos.

São cerca de 50 famílias. Homens, mulheres, crianças e idosos ali, onde há menos de um mês só havia grama. A Radial fica de um lado. Um entreposto comercial de cimento, do outro.

A ocupação, que ressurge mesmo após ter sido retirada pela polícia, tem nome: Favela do Cimento.

É resultado do encontro de duas populações diferentes, mas em igual situação: os trabalhadores informais do entreposto que erguem pequenas barracas de lona na calçada e os moradores de rua que gravitam em torno de um centro da prefeitura –prestes a ser desativado.

Grávida de sete meses e sem emprego, Sílvia Andressa Guedes, 31, foi parar no Cimento após passar quase um ano em albergues.

Até o começo de 2014, conseguia pagar os R$ 800 de aluguel na casa de três cômodos, em Interlagos, na zona sul. Demitida e sem família por perto, buscou a rua. Ao procurar um novo emprego, descobriu outro problema.

"Que empresa aceita um albergue como comprovante de endereço?", diz. "Nenhuma, ninguém quer um morador de rua, de albergue, do que for, como empregado."

Para viver na favela, ela e outros moradores têm que seguir uma série de regras.

Brigar é terminantemente proibido, mexer com a mulher do outro é senha para ser expulso. Também é vetado o desrespeito a homossexuais.

"Se brigar, a gente vai chamar pro 'resumo' [conversa]. Se não se entenderem, vão vazar", explica Talmos da Conceição Silva, 41, um dos líderes do local.

OUTRO LADO

A CDHU, companhia de habitação do Estado de São Paulo, afirmou que no terreno da favela da Tiquatira (zona leste), que ressurgiu no último ano, está prevista a construção de 704 apartamentos populares.

As unidades serão destinadas a famílias que foram removidas na reintegração de posse de 2010, segundo a empresa do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O órgão afirma que tentou negociar a saída voluntária dos moradores, mas eles se recusaram a deixar o local.

Diz ainda que, em 2012, devido a projetos de expansão da rede de transporte sobre trilhos, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metrolitanos) e o Metrô solicitaram parte da área para implantação da Estação Tiquatira, da linha 2-verde, levando a CDHU à revisão do projeto do conjunto habitacional.

Sobre a favela do Cimento, entre as pistas da Radial Leste, a Prefeitura de São Paulo afirmou que trabalha para implantar no local um centro de referência no atendimento a moradores de rua, o chamado Centro Pop.

A abertura do espaço depende de uma obra que será finalizada nos próximos meses, diz a prefeitura.

A administração afirma ainda que agentes de assistência social abordam moradores de rua na região para encaminhá-los a albergues.

O prefeito Fernando Haddad (PT) prometeu viabilizar 55 mil moradias sociais na cidade. Até agora, 4.994 foram entregues (9%).

domingo, 23 de agosto de 2015

‘Conexão’ para ciclovias é inaugurada hoje em SP

23/08/2015 08:42

23/08/2015 - O Estado de SP

A Prefeitura inaugura hoje um trecho de 750 metros de ciclovia na Avenida Bernardino de Campos, extensão da pista da Avenida Paulista. Ele é considerado por ciclistas, cicloativistas e pela própria administração municipal como um "ponto de conexão" para 21,5 quilômetros de faixas para bikes da capital que convergem para a região.

Localizada entre a Praça Oswaldo Cruz e o Viaduto Santa Generosa, no Paraíso, a pista possibilita o acesso para as ciclovias da Rua Vergueiro e das Avenidas Liberdade, Paulista e Jabaquara e outras vias menores que também têm a estrutura. Agora, é possível sair pedalando de bairros mais afastados da zona sul, chegar ao centro de São Paulo ou ir de bike até o Estádio do Pacaembu, na zona oeste da capital.

"É uma conexão importante, grande. O ciclista já consegue sair do Jabaquara e ir para várias regiões. É um entroncamento importante que vai aumentar muito a circulação de bicicletas na região", explicou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.

Com os novos 750 metros, a Prefeitura atinge a marca de 356,8 quilômetros de vias segregadas para bicicletas. A gestão Fernando Haddad (PT) entregou 260,2 km - promete 400 km até o fim do mandato.

Para Tatto, a inauguração é um passo fundamental para a estrutura cicloviária da cidade, uma vez que, com o novo trecho, as outras intervenções para o modal inauguradas anteriormente começam a fazer "mais sentido" nos deslocamentos. "É uma ideia de rede e conexões que é bem importante", disse.

O entregador John Amorin, de 28 anos, faz serviços de bike courrier em bairros no entorno das ciclovias da Bernardino de Campos e da Paulista. Morador da Santa Cruz, na zona sul, ele se sente mais seguro em poder fazer seus trajetos usando faixas exclusivas. "Sem essa nova ciclovia, eu era obrigado a entrar nas pistas para carro até acessar a Paulista. É perigoso."

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Estudo para Anhangabaú de Haddad é criticado

20/08/2015 - O Estado de SP

O projeto de reurbanização do Vale do Anhangabaú, no centro, vem provocando polêmica. Entidades de classe reclamam que a administração municipal não abriu um concurso público para escolher a melhor proposta. E a arquiteta Rosa Kliass, coautora do desenho atual - feito em parceria com Jorge Wilheim (1928-2014) nos anos 1980 - alega que gostaria de, ao menos, ter sido ouvida pela gestão. As propostas até agora só estão no site da Prefeitura.

A administração argumenta que o processo conduzido para a definição do projeto buscou ser mais democrático do que um concurso público - que traria um traçado de um único escritório. O plano será detalhado em uma apresentação cuja data ainda será marcada - era para ter ocorrido no início de agosto, mas o evento foi cancelado diante da expectativa de um público maior do que a capacidade da Praça das Artes, no centro, local que abrigaria o evento.

Rosa Kliass é a arquiteta que assina o cartão-postal com foto aérea do Anhangabaú que tem viralizado nas redes sociais, sobretudo por meio de perfis de arquitetos. "Caro prefeito, das janelas de seu gabinete, avistava-se este cartão-postal, criado em um concurso nacional de projetos promovido pela Prefeitura e pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). Com um moderado investimento, o cartão-postal do Vale do Anhangabaú poderá ser recuperado. Zelar por esse espaço será uma justa homenagem a Jorge Wilheim - cidadão paulistano em 2015", diz o texto.

Desenvolvido por uma equipe local, o projeto de revitalização do espaço que tramita na Prefeitura nasceu após estudos metodológicos do escritório dinamarquês Gehl Architects, chefiado por Jan Gehl - que assina propostas de revitalizações em Nova York, Londres e Sydney. A ideia é melhorar o fluxo de pedestres do Vale, principalmente na locomoção de um lado para outro - do lado da Prefeitura para o do Teatro Municipal, por exemplo. Outra demanda percebida pela equipe de Gehl foi a falta de atividades fixas na região, que dariam vida ao espaço e, também, uma maior sensação de segurança. A proposta ainda prevê a instalação de espelhos d'água que podem ser reconfigurados de acordo com o evento previsto.

O presidente do IAB-SP, José Armênio de Brito Cruz, lamenta o fato de o projeto não ter sido escolhido mediante concurso público. "Sou da opinião que o projeto da Rosa e do Wilheim é bom, o que não significa que, 35 anos depois, não possa ser atualizado, considerando as necessidades atuais da cidade", afirma. "Mas o IAB é da posição de que qualquer projeto público dessa envergadura precisa ser escolhido mediante concurso público aberto, em que aspectos técnicos são julgados."

Para o arquiteto Gilberto Belleza, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP), a Prefeitura deveria, primeiramente, ter ouvido Rosa Kliass, autora do projeto original. E, em seguida, aberto um concurso público. "O que não pode ser feito é um projeto desse tamanho sem uma ampla discussão", diz ele.

Consenso. Já o diretor da SP Urbanismo, Gustavo Pertezani, principal responsável pela condução do processo de revitalização, argumenta que a gestão quis, primeiramente, ouvir a população que usará o Vale. "O processo (para construção do projeto) começou em abril de 2013, em um procedimento chamado Diálogo Aberto, que foi conduzido em três workshops, em que foram ouvidos diversos agentes do setor", argumenta. "Contou com a participação de muita gente, de diversas organizações."

"O Jan Gehl tem uma metodologia de análise para diagnósticos de espaços públicos", enfatiza o diretor. "Ele tem uma forma de ocupação dos espaços públicos, e é desse processo que saíram as ações do Centro Aberto (nos Largos de São Francisco e do Paiçandu), os parklets, coletivos que ocupam os espaços públicos, como têm no Largo da Batata, no Minhocão."

Pertezani diz que o Anhangabaú foi entendido, nessas discussões, como um local de conexão entre o centro velho e o centro novo e as propostas devem atender às demandas vindas das pesquisas feitas no local.

"Diferentemente do que foi feito na história da cidade, em que um autor define que tem de ser isso e ser aquilo para determinado espaço, a gente fez o contrário. Fizemos as pessoas usarem o espaço, entenderem o que é melhor, produzirem um conceito e, com base nesse conceito, desenvolver um projeto. Não é mais um projeto autoral", explica o diretor.

O projeto da Prefeitura, que segue as premissas desse processo de discussão citado por Pertezani, é assinado pelo escritório curitibano PJJ Malucelli. As obras estão estimadas em R$ 100 milhões e há previsão de que comecem no ano que vem. O dinheiro virá de recursos da Operação Urbana Centro.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

CET anuncia mais 11 vias de SP que terão limite reduzido para 50 km/h

18/08/2015 - G1 SP

A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (17) que mais 11 vias da capital terão o limite de velocidade máxima reduzido de 60 km/h para 50 km/h. A medida vale a partir de quinta-feira (20). As vias ficam na Zona Oeste, na região da Avenida Sumaré e nas proximidades da USP, e na Zona Sul.

A medida faz parte do Programa de Proteção à Vida, da Prefeitura de São Paulo, que vai regulamentar em 50 km/h o limite de velocidade em praticamente todas as avenidas importantes da cidade. Veja as vias:

- Rua Henrique Schaumann (zona oeste)

- Avenida Paulo VI (zona oeste)

- Avenida Sumaré (zona oeste)

- Avenida Antártica (zona oeste)

- Viaduto Antártica (zona oeste)

- Avenida Afrânio Peixoto (zona oeste)

- Avenida Valdemar Ferreira (zona oeste)

- Avenida Professor Manuel Chaves (zona oeste)

- Avenida Vereador José Diniz (zona sul)

- Avenida Carlos Caldeira Filho (zona sul)

- Estrada do Campo Limpo (zona sul)

Nesta segunda-feira essas vias já começam a receber os avisos para alertar os motoristas sobre as mudanças.

Mais cinco vias

Outras cinco vias tiveram o limite reduzido a partir desta segunda-feira. O limite de velocidade nas avenidas Angélica e Pacaembu, na região central de São Paulo, caiu de 60 km/h para 50 km/h nesta segunda-feira (17).

Nesta segunda, também passam a ter essa nova velocidade máxima a avenida Doutor Abraão Ribeiro e a Rua Major Natanael, que são próximas à Avenida Pacaembu, e a Avenida Nadir Dias de Figueiredo, na Zona Norte de São Paulo.

Também na quinta, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu a redução dos limite. "É muito importante esse gesto de São Paulo que já está sendo seguido por outras cidades do Brasil. São Paulo está liderando um processo importante para salvar vidas e melhorar as condições de funcionalidade da cidade, com menos acidentes, mais fluidez e obviamente menos letalidade", completou.

O processo começou com a redução dos limites nas marginais dos rios Tietê e Pinheiros. Nas pitas locais, a velocidade máxima já é de 50 km/h. Até dezembro, todas as vias da cidade, com exceção do corredor Norte-Sul e as pistas expressas e central das Marginais, terão esse novo parâmetro.

Algumas vias importantes da cidade como Jacu-Pêssego, Aricanduva e Minhocão já passaram por essa redução.

Multas canceladas

No caso da Sena Madureira e da Avenida Braz Leme, que também tiveram o limite reduzido para 50 km/h, a Prefeitura de São Paulo disse que vai cancelar as multas de velocidade aplicadas no início desta semana. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) reajustou os radares eletrônicos para o novo limite antes de afixar faixas de aviso à população.

Podem ser canceladas as infrações de velocidade dos motoristas que passavam pela Braz Leme entre 9 e 11 de agosto e, na Sena Madureira, entre 8 e 11 de agosto, desde que os condutores estivessem abaixo do limite anterior de velocidade das vias, que era de 60 km/h.

Paulista deve ser fechada aos domingos em definitivo ainda neste mês, diz Haddad

19/08/2015 - O Estado de SP / G1 SP / UOL-Folha

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse na manhã desta terça-feira, 18, que o segundo e último teste de abertura da Avenida Paulista para pedestres e fechamento para carros, previsto para o próximo domingo, será decisivo para a Prefeitura deliberar se adota a medida em definitivo aos domingos. Haddad afirmou que é "provável" que a decisão já comece a valer a partir do fim de semana seguinte, dia 30.

Segundo o prefeito, estudos técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) indicam que a proposta de bloqueio é "possível e desejável". "A CET pediu um segundo e último teste para a tomada de decisão final. Se tudo funcionar como previsto, nos estudos, a decisão vai ser tomada no sentido de abrir todo domingo para a população. Os estudos vão na direção de que é possível e benéfico para a cidade"" afirmou Haddad.

O primeiro teste foi feito em 28 de junho, na inauguração da ciclovia da avenida. O segundo ocorre no próximo domingo, durante a inauguração da ciclovia da Avenida Bernardino de Campos. Segundo o prefeito, desde junho, a CET tem feito reparos em relação a equipamentos "que precisam ter garantido o acesso", como clubes, hospitais e condomínios.

A presidente da Associação Paulista Viva, Vilma Peramezza, demonstrou surpresa com a declaração de Haddad. Segundo ela, uma reunião com a CET no dia 6 de agosto definiu que a entidade teria 30 dias para entregar um levantamento dos prejuízos causados aos estabelecimentos comerciais com o bloqueio da via. O prazo expira em 6 de setembro.

Vilma disse que a Prefeitura fez estudos técnicos, mas esqueceu dos impactos econômicos que a medida poderá causar. Segundo ela, a associação foi procurada por clubes e cinemas que ameaçaram fechar as portas em caso de bloqueio da via. Questionada se é contra ou a favor do fechamento, a presidente não quis responder, mas aproveitou para fazer uma crítica. "Estamos vivendo dias terríveis. Tenho 73 anos e nunca vi isso. É contra ou a favor (do fechamento)? Aí  você carimba: quem é a favor, é progressista; quem é contra, é coxinha."

Minhocão. Vilma rebateu comparações entre o fechamento do Minhocão e da Paulista. "O Minhocão pode virar uma praça. Já matou a Avenida São João há muitos anos. A Paulista tem outra história. Não existe lugar mais democrático do que a Avenida Paulista." Após dois testes da CET, o Elevado Costa e Silva, o Minhocão, foi fechado em definitivo aos sábados, a partir das 15 horas, desde 11 de julho.

G1 SP

Paulista deve ser fechada mais uma vez para carros no final de semana

Haddad quer fechar via para inaugurar ciclovia da Bernardino de Campos. Em 28 de junho, avenida ficou fechada para carros e virou espaço de lazer

O prefeito Fernando Haddad afirmou nesta quarta-feira (29) que estuda fechar a Avenida Paulista para a inauguração da ciclovia na Avenida Bernardino de Campos, que é a continuação da Paulista no sentido Paraíso. A Prefeitura confirmou durante a noite desta quarta que ela será aberta ao público em 23 de agosto, um domingo.

"Eu não tenho certeza absoluta, mas pode acontecer, tenho que consultar a CET. Eles estão conversando com os últimos atores que dependem do acesso aos domingos, como clubes, hospitais da região e estão fazendo esse acompanhamento antes de tomar uma decisão definitiva", afirmou.

Para Haddad, antes de fechar para o tráfego de veículos, o ideal seria fazer mais um teste.

"Pode ser que haja um teste, eu não estou informado, mas seria bom que houvesse mais um teste antes de uma decisão final para dar tempo inclusive de conversar com os atores da região", completou.

A Avenida Paulista foi fechada para carros das 10h às 17h do dia 28 de junho, quando a ciclovia da via foi inaugurada, e se tornou um grande espaço de lazer para os paulistanos.

A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano.

Atualmente, a cidade possui 349,7 km de infraestrutura cicloviária permanente.

Até o último balanço divulgado pela CET, a obra da ciclovia da Paulista tinha custado R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as Avenida Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.

Com a implantação da ciclovia, foram retiradas as floreiras e relógios do canteiro central. Alguns relógios devem ser realocados posteriormente nas calçadas. Os pedestres ficam na ilha de segurança durante a travessia.

"Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos", afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. "Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança", disse. 

UOL

Paulista deve fechar para carros aos domingos; comércio reage

Medida ainda não passou por 2º teste, mas prefeito Haddad (PT) já disse que fechamento é provável

A avenida Paulista, na região central de SP, deverá ser fechada aos veículos todos os domingos para se transformar em um espaço de lazer de pedestres e ciclistas. O anúncio já provocou forte reação de comerciantes locais.

Um primeiro teste do fechamento ocorreu em junho, quando foi inaugurada uma ciclovia na avenida.

Antes decidir se a medida seria definitiva, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) havia pedido um segundo teste à prefeitura, que vai ocorrer neste domingo (23).

O prefeito Fernando Haddad (PT), porém, adiantou que a mudança é quase certa e já deverá ocorrer na semana seguinte ao teste. "É provável [o fechamento definitivo no dia 30]. A decisão é da CET", disse o petista nesta terça (18).

Para Vilma Peramezza, presidente da Associação Paulista Viva, o fechamento é uma ação de "marketing" da prefeitura e deve prejudicar estabelecimentos comerciais (leia texto na pág. B3).

No primeiro teste, quando milhares de pessoas passaram pela avenida, estudos da CET não apontaram graves prejuízos ao trânsito de carros e do transporte público, desviado para ruas paralelas.

"O primeiro teste foi ótimo, foi benéfico para a cidade. A CET conversou com hospitais, clubes e condomínios. A avaliação mostrou que a iniciativa é desejável e possível", disse o prefeito.

No próximo domingo, a via será fechada para a inauguração da ciclovia da avenida Bernardino de Campos, que ligará a Paulista e a rua Vergueiro, no Paraíso (zona sul).

No mesmo dia, dois mirantes, cedidos a empresários, serão inaugurados na região. Os espaços terão restaurantes, cafés e bicicletário.

"Se tudo funcionar como previsto, a decisão será tomada no sentido de abrir para a população", disse Haddad.

Na sexta (21), a prefeitura vai anunciar uma série de regras que orientarão o tráfego na região aos domingos, como permissão para que moradores entrem com carros e facilidade de acesso a hospitais.

MARCA BARATA

Com problemas financeiros e dificuldades para cumprir promessas, Haddad, que é pré-candidato à reeleição no ano que vem, investe em marcas baratas de governo, nas áreas de mobilidade e de ocupação do espaço público.

Após as faixas de ônibus e as ciclovias, agora aposta no fechamento de vias para lazer, tendo a Paulista como destaque principal. O Minhocão, aberto para pedestres aos domingos, também virou espaço de lazer aos sábados.

Adversários políticos dizem que, com estratégia, o petista tenta criar uma cortina de fumaça para desviar a atenção de temas como falta de creches e problemas na saúde.

Pré-candidato à prefeitura pelo PSDB, o vereador Andrea Matarazzo afirma que a região da Paulista já tem vários espaços de lazer, como o Parque Trianon e o Ibirapuera.

"Mais importante é discutir se fecha ou não fecha a avenida Águia de Haia [periferia da zona leste], onde não tem verde, não tem lazer."

Em recente entrevista à Folha, Haddad disse que outros locais terão vias fechadas para carros, nos moldes da Paulista. Um dos locais estudados é a avenida conhecida como Tiquatira, na zona leste.

Folha de SP

Fechar avenida é marketing e traz prejuízo, diz associação

Segundo entidade, faturamento caiu nos dias em que Paulista foi bloqueada. 'Não afeta o trânsito significativamente. Há várias vias laterais que podem ser usadas', diz superintendente da ANTP

Entidade que atua como porta-voz de empresários, comerciantes e moradores da região da avenida, a Associação Paulista Viva diz que a iniciativa da gestão Fernando Haddad (PT) de fechar a via para carros aos domingos é apenas uma ação de marketing.

"Já estamos sendo procurados por várias entidades. Jornaleiros, taxistas, hotéis, estacionamentos. Todos eles são unânimes: o prejuízo é muito grande", afirma a presidente da associação, Vilma Peramezza. "Nos restaurantes, o movimento cai de 30% a 40%", completa.

Segundo a entidade, os prejuízos foram registrados no dia 28 de junho, quando a via ficou fechada para a inauguração da ciclovia, e no último domingo (16), devido aos protestos contra a presidente Dilma Rousseff.

Para ela, a cidade tem outras opções de lazer, como praças, parques e o centro velho.

"Por que a Paulista? Porque dá ibope, porque é marketing, porque fazer polêmica na Paulista dá imprensa", afirma. "Eu não acredito que [na prefeitura] estejam preocupados com o lazer de ninguém."

As declarações de Vilma mostram forte mudança de tom da associação em relação ao tema. Até então, antes do anúncio desta terça-feira (18) de Haddad, ela vinha mantendo um discurso de diálogo com a prefeitura.

Numa linha de ruptura com a gestão petista, a presidente da entidade afirma que o fechamento da via "é uma discussão falsamente ideológica" e que os contrários são acusados de elitistas. "A Paulista é a avenida mais democrática que existe, recebe gente de todas as partes."

Vilma disse também que a prefeitura se limitou a fazer um estudo de trânsito, sem medir outros efeitos.

Informada sobre as críticas, a prefeitura afirmou em nota que, "em uma eventual abertura permanente da Paulista [para pedestres] aos domingos, serão levados em conta os resultados dos dois testes e as considerações de todos os atores envolvidos".

A Folha procurou os quatro shoppings da região da avenida. Só o Pátio Paulista respondeu. Segundo o centro comercial, a "preocupação" é como será o acesso de carros aos domingos, "segundo melhor dia de movimento".

Já a maioria dos hospitais afirma que não há problema no bloqueio aos domingos.

"Não afeta o trânsito significativamente. Há várias vias laterais à Paulista que podem ser usadas", afirma Luiz Carlos Néspoli, engenheiro e superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

Segundo ele, vias como Estados Unidos, Vergueiro, Nove de Julho e Oscar Freire podem ser usadas para este fim, tanto pelos carros como pelas linhas de ônibus. "Só precisa garantir acesso aos hospitais", completa.


"É uma medida que ajuda a humanizar São Paulo. Você percebe melhor os problemas da cidade com o pé no asfalto, até para cobrar melhor o poder público", afirma Silvia Stuchi, especialista em mobilidade a pé. 

ARGUMENTOS CONTRA

MORADORES

Residentes idosos se queixam da dificuldade de locomoção

SERVIÇOS

Dificulta o acesso aos hospitais da região e aos hotéis e estacionamentos que têm entrada pela avenida

COMÉRCIO

Estabelecimentos reclamaram da queda no movimento no fechamento de 28 de junho, segundo Associação Paulista Viva

TRANSPORTE

Infraestrutura das vias paralelas não foi planejada para comportar o tráfego dos ônibus, cujas rotas são desviadas

ARGUMENTOS A FAVOR

ESPAÇO DE LAZER

Cria área para os pedestres e os ciclistas com grande ofertas de serviço e de fácil acesso

SEGURANÇA

Favorece a segurança ao estimular a convivência de pedestres e ciclistas

TRÂNSITO

Congestionamento no domingo costuma ser mais tranquilo, com menor movimento

DESLOCAMENTO

Não prejudica o trânsito da região, que pode ser desviado para ruas próximas, explica Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Paulista será fechada dia 23 para inauguração de trecho de ciclovia

30/07/2015 - O Estado de SP

SÃO PAULO - A Prefeitura estuda fechar a Avenida Paulista para veículos pela segunda vez no ano. A data prevista pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) é o dia 23 de agosto, quando 800 metros de ciclovia serão inaugurados na Avenida Bernardino de Campos. A faixa é uma extensão da pista entregue ao público no dia 28 de junho, quando a Paulista foi fechada para carros pela primeira vez.

Nesta quarta-feira, 29, o prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que o novo fechamento da Paulista será discutido com entidades da região, mas ele já avalia a medida como sendo viável para definir um agenda definitiva de fechamento da via aos domingos. "Seria bom que houvesse mais um teste antes de uma decisão final, até para dar tempo de conversar com os atores da região que dependem do acesso (à avenida) aos domingos, como clubes e hospitais", diz Haddad.

O trecho em obras, na região da Estação Paraíso do Metrô, já está sendo usado por alguns ciclistas. Apesar das faixas vermelhas, ainda é preciso instalar os gradis, a rede semafórica para bikes e finalizar os recuos para pedestres semelhantes aos que existem na ciclovia da Paulista.

Quando pronta, a ciclovia da Paulista, que compreende também os 800 metros da Avenida Bernardino de Campos, terá um total de 4 quilômetros de extensão. A faixa será interligada com as pistas para bicicleta da Rua Vergueiro, da Avenida Liberdade e da Rua Domingos de Morais, na Vila Mariana.

Para os ciclistas que circulam pela região, o novo trecho servirá como uma espécie de baldeação da rede cicloviária de São Paulo, já que possibilita interligação com as outras vias que têm ciclovias. "Quanto mais interligações com outros lugares que já têm as faixas, melhor. A cidade fica mais acessível e segura para nós", diz a publicitária Karla Costa, de 36 anos. Ela mora na região da Vila Mariana e trabalha nos Jardins.

Com o novo trecho, Karla não precisará mais pedalar entre os carros. As pedaladas entre a casa e o trabalho levam cerca de 30 minutos. "De carro, pela manhã, eu chegava a ficar 40 minutos no trânsito", afirma.

A partir do ponto que será inaugurado no dia 23 de agosto, os ciclistas poderão descer a Rua Vergueiro, entrar na Avenida Liberdade e chegar à Praça da Sé, na região central, apenas por faixas segregadas. Ou, então, poderão seguir reto, pegar a Avenida Paulista e chegar ao Pacaembu, na zona oeste.

Corredor. Para o cicloativista Daniel Guth, diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), a entrega dos 800 metros vai concluir uma espécie de "corredor" para bikes. "(A ciclovia da Bernardino de Campos) segue o mesmo percurso da Avenida Paulista, com o mesmo desenho. Os ciclistas poderão sair da região (do Metrô) Conceição e ir para a o centro", afirma o cicloativista.

Para Guth, o fechamento da avenida para carros no dia 28 de junho, que possibilitou a ocupação de pedestres e bikers, "acabou com as discussões" sobre a interdição definitiva da via. "Já se mostrou que não há problemas para os hospitais. E se uma ambulância precisar passar entre pedestres e ciclistas, ela vai trafegar com mais facilidade do que no horário de pico", diz. Guth e outros cicloativistas esperam que a política oficial de fechamento da Paulista seja definida ainda em 2015.

Debate. O presidente da Associação Paulista Viva, Antonio Carlos Franchini, disse que a entidade e os associados ainda não foram procurados para discutir o fechamento em 23 de agosto. Para ele, no entanto, o bloqueio para carros da via é viável. "É importante conversar com todos os envolvidos para que eventuais transtornos sejam evitados", afirmou.

Segundo Franchini, quando houve o primeiro fechamento da Paulista para a inauguração da ciclovia, o Club Homs teve de cancelar atividades e estacionamentos da região, que, segundo o presidente, não tinham sido avisados, fecharam no dia.

Sob o Minhocão. No próximo dia 9, a Prefeitura vai inaugurar a ciclovia sob o Minhocão, entre as Avenidas São João e Amaral Gurgel, na região central de São Paulo.

Apesar de ainda passar por intervenções e ajustes, a pista de 3,5 quilômetros já é usada por ciclistas. No futuro, ela será interligada com a ciclovia da Rua da Consolação, ainda sem data para começar a ser construída.

Para fazer as faixas vermelhas no canteiro central das avenidas sob o Minhocão, a administração municipal retirou 78 moradores de rua que viviam na área. Eles foram transferidos para abrigos, albergues e outros programas sociais desenvolvidos pela Prefeitura.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Nova ligação entre Baixada Santista e Capital será definida ainda este ano

15/07/2015 - G1 Baixada

A necessidade da construção de uma nova rodovia entre São Paulo e a Baixada Santista voltou à pauta regional após a inclusão do aeroporto de Itanhaém, no litoral de São Paulo, no pacote de investimentos logísticos do Governo Federal. Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão ligado ao governo estadual, o estudo de viabilidade deve ser concluído até o fim deste ano.

A autorização para uma nova estrada passando pela Serra do Mar existe há 18 anos, quando o então governador Mário Covas liberou a abertura de processo licitatório para a "construção e exploração da Rodovia Parelheiros-Itanhaém". A Lei 9.851, de 24 de novembro, foi publicada no Diário Oficial do Estado do ano de 1997.

Desde então, moradores e prefeitos do Litoral Sul cobram um novo acesso à capital paulista, medida que beneficiaria ainda os moradores do Vale do Ribeira.

O aeroporto de Itanhaém recebeu, recentemente, autorização para ser repassado à iniciativa privada, com a possibilidade de operar, futuramente, com voos comerciais. Com isso, os gestores da cidade passaram a se preocupar com a saturação do volume de veículos na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), que vai de Miracatu, no Vale do Ribeira, até São Vicente. A estrada tem registrado, nos últimos anos, grandes congestionamentos aos fins de semana e na temporada de verão.

Temporada de verão

Segundo a concessionária Ecovias, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e parte da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, 4.238.134 veículos desceram a serra em direção ao litoral entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015. O número é 1,5 milhão maior que o registrado entre as temporadas 2010/2011.

"Temos que nos antecipar ao problema que, na verdade, já começou. A preocupação é também com a exploração do pré-sal, além dos constantes recordes de movimentação que o Porto de Santos tem alcançado, deixando muitas vezes a Anchieta parada. Precisamos de um crescimento regionalizado, pois nossas estradas estão saturadas e quem segue para o Litoral Sul tem encontrado problemas com frequência. Na temporada, por exemplo, nem o lixo nós conseguimos mandar embora, por conta do trânsito", argumenta o secretário de Desenvolvimento Econômico de Itanhaém, Eliseu Braga Chagas.

O secretário destaca ainda que Itanhaém está localizada estrategicamente na região, tanto para o motorista que vai para o Vale do Ribeira e Paraná, pela Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), quanto para quem se dirige a Santos ou São Paulo, pela Padre Manoel da Nóbrega, utilizando o SAI.

"A única alternativa para desafogarmos o atual sistema é a ligação Rodoanel-Itanhaém, na altura de Parelheiros. Essa conexão chegaria até o trecho Sul do Rodoanel e teria cerca de 15 km de extensão. Aquele projeto inicial está descartado, porque causaria muitos transtornos ao bairro. Então, a opção mais provável é a ligação direta com o Rodoanel", aponta Chagas. A Imigrantes possui 70 km de extensão entre a região de planalto e a Baixada Santista.

Em Brasília

A construção da via ganhou força também em Brasília. O deputado federal Samuel Moreira, que também já ocupou o cargo de deputado estadual e prefeito de Registro, por duas vezes, afirma que está trabalhando para melhorar a infraestrutura e mobilidade entre as cidades da Baixada Santista e Vale do Ribeira.

"Além da duplicação da Padre Manoel da Nóbrega, no trecho entre Peruíbe e o acesso à BR-116, em Miracatu, continuamos trabalhando para viabilizar a construção da estrada entre Parelheiros e Itanhaém, e pela reativação do ramal ferroviário Santos-Cajati, que liga o Vale do Ribeira ao Porto de Santos", destaca.

Em estudo

Em nota, o DER afirma que a ligação entre Parelheiros e Itanhém é uma das opções estudadas pela Secretaria de Logística e Transportes para um novo acesso ao litoral paulista. "Até o fim deste ano, o estudo de viabilidade deverá ser concluído", destaca o órgão estadual.

Em janeiro de 2012, a empresa Contern Construções e Comércio Ltda manifestou interesse em executar a construção, manutenção e operação da rodovia que ligará o Rodoanel Mario Covas Junior, na cidade de São Paulo, a Itanhaém. Segundo a empresa, o projeto foi apresentado, mas a aprovação e viabilidade da obra estão sendo analisadas pelo Governo do Estado.

Proposta

Estudo prevê ligação direta entre a cidade de Itanhaém, no litoral de São Paulo, e o trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, próximo à região de Parelheiros (ponto A). Estrada teria 15 km de extensão. Estudo de viabilidade deve ser concluído pelo governo do Estado até dezembro deste ano.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Ciclovia na Paulista é inaugurada

29/06/2015 

O Estado de SP / Folha de SP / Diário do Nordeste

Leia: Prefeitura abre ciclovia da Paulista hoje e testa veto a carros aos domingos - O Estado de SP

SÃO PAULO - Sob vaias de antipetistas e aplausos de ciclistas, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), inaugurou neste domingo, 28, a ciclovia da Avenida Paulista, na região central da cidade. A via, com 2,7 quilômetros de extensão em cada sentido, atraiu milhares de pessoas. A Paulista ficou fechada para carros das 10h às 17h10 e foi tomada não só por ciclistas, mas também por skatistas, famílias, idosos, músicos, food trucks e food bikes.

Haddad percorreu a via de bicicleta do Hospital Santa Catarina até a Praça do Ciclista, na Consolação, e foi alvo de manifestantes em diferentes pontos da avenida. Os protestos focaram nos desdobramentos da Operação Lava Jato e em críticas ao PT. Durante a cerimônia de inauguração, o prefeito deu entrevista sob vaias e gritos de um grupo que estava no pátio interno do Hospital Santa Catarina. As pessoas gritavam "petrolão!", "Sérgio Moro está chegando", "ciclovia para as pedaladas de Dilma" e "bandido".

Questionado, Haddad atribuiu as manifestações a opositores "infiltrados" no evento. "Sabiam que eu estaria aqui e tem certa 'infiltraçãozinha'. Mas temos de respeitar, porque é uma manifestação democrática."

O advogado Henrique Vilela de Souza, de 39 anos, foi um dos que gritaram contra o prefeito. Ele afirmou que passava pelo local "por acaso" e negou ser infiltrado ou filiado a partido político. O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, comentou a situação: "Acho que os doentes estavam do lado de fora, não acham?".

MBL. Um grupo de 15 pessoas do Movimento Brasil Livre (MBL) foi até a Paulista para protestar contra as "pedaladas fiscais" da presidente Dilma Rousseff. Em 13 bicicletas, os manifestantes planejavam fazer um passeio pela ciclovia, mas teriam sido impedidos por ciclistas.

"Começamos a abrir nossas faixas e íamos pedalar, mas ficamos ilhados. Logo fomos hostilizados, e a Polícia Militar teve de fazer a nossa segurança. Pediram que nos retirassem", contou o estudante de Direito e líder do MBL-SP, Caíque Mafra, de 21 anos. Na confusão, o jovem disse ter sido agredido com um tapa na cara.

Haddad convocou todos os partidos a integrarem o apoio às ciclovias. "Isso aqui não é uma política partidária, não é uma política de governo, é uma política que deveria ser abraçada por todos os partidos e por todos os governos", afirmou. Manifestantes ainda pediam ciclovias na periferia.

Durante a madrugada, antes da inauguração, tinta azul foi jogada em um trecho da ciclovia, entre o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mas foi retirada após limpeza da Prefeitura com auxílio de caminhão-pipa. O secretário Tatto ironizou o ato. "Deviam estar comemorando (a abertura da ciclovia)."

Elogios. A estrutura da ciclovia e o fechamento da Paulista foram elogiados por ciclistas. "Acho que foi bem planejada, tem segurança. E foi legal também ver a ocupação da cidade. Quando eu olhava a multidão, parecia um sonho, uma alucinação", disse o técnico de som Gustavo Zysman, de 30 anos.

Cicloativista, o analista de sistemas Diogo Pedrosa, de 34 anos, diz ter ficado emocionado. "No caminho vi várias pessoas trazendo bicicletas nos carros, muita gente prestigiando."

Moradores do cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, o advogado Fábio Maia, de 40 anos, e a gerente administrativa Anne Santos, de 37, caminhavam no fim da manhã com a filha e quatro cachorros. O casal manifestou apoio ao projeto da Prefeitura de fechar a Paulista aos domingos. "Achamos sensacional. Aos poucos, o hábito vai pegar. É bacana essa ideia de compartilhar espaços", afirmou Maia.

Nem a PM nem a CET informaram quantas pessoas foram ao local neste domingo. Por volta das 12h50, um homem foi preso por policiais militares por furtar uma bicicleta próximo da Avenida Brigadeiro Luís Antonio.

Folha de SP

Após teste com ciclovia, ideia de fechar a Paulista aos domingos ganha força

Milhares de pessoas ocuparam a avenida Paulista, interditada neste domingo (28), para a inauguração da ciclovia. Após um dia sem incidentes graves ou grandes congestionamentos, ganhou força na gestão Fernando Haddad (PT) a ideia de vetar os carros na via todos os domingos.

Na avaliação da prefeitura, a experiência foi positiva. Técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) devem apresentar relatório com o impacto no trânsito ainda nesta semana. Com isso, a equipe de Haddad vai avaliar se será necessário realizar mais testes antes de tomar uma decisão definitiva.

"Seria bom fazer da Paulista aos domingos um grande parque, onde as pessoas pudessem passear com segurança", afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Ele disse, ainda, que não haveria dificuldades em fazer as alterações viárias necessárias para o fechamento uma vez por semana.

"A CET consegue montar uma operação especial para os acessos aos hospitais", disse. "Para os moradores daqui a gente consegue fornecer uma autorização especial [de circulação], como a gente faz no autódromo de Interlagos em dia de Fórmula 1."

A ciclovia tem 2,7 quilômetros de extensão, entre a praça Oswaldo Cruz e a avenida Angélica. Com ela, a cidade passou a ter 334,9 km de malha cicloviária.

O prefeito, morador do Paraíso, foi à inauguração de bicicleta. Durante a coletiva de imprensa, chegou a ser vaiado por um grupo anti-PT, mas na sequência foi aplaudido pelos ciclistas que lotavam a Paulista.

SOBRE RODAS

O público comemorou a conquista do espaço na avenida mais importante da capital, que já foi cenário de diversos acidentes com ciclistas.

Por volta das 7h, cicloativistas homenagearam duas "bikers" mortas na via: Márcia Andrade Prado e Juliana Dias. Duas bicicletas que ficam amarradas a gradis -marcos das mortes de ambas-, receberam novas mãos de tinta branca e foram enfeitadas com flores.

Entre os presentes estava Roberta Ferrari Andrade, 48, prima de Márcia Prado. "O que a Márcia queria, humanizar São Paulo, começa a acontecer um pouco agora, com essa ciclovia", disse Roberta, que veio do Rio de Janeiro para a cerimônia.

Mas nem só de ciclistas se fez o domingo na Paulista. Cantores, Testemunhas de Jeová, hippies e famílias inteiras tomaram as calçadas.

Nessa "praia de paulista" também teve espaço para piqueniques. Sentada em cima de uma toalha xadrez, a professora de educação física Diná Ramos, 40, aproveitava o sol tomando chá. Apesar da escassez de comidas em sua cesta, esperava confiante. "Convidei um monte de gente. Ainda é cedo, eles vão aparecer", disse. Uma hora depois, os convivas chegaram.

A PM e a prefeitura não deram estimativa de público.

LADRÕES

A única ocorrência policial registrada foi a prisão em flagrante de dois homens, em frente ao clube Homs, por volta das 13h. Segundo a Polícia Militar, a dupla furtou quatro bicicletas, que não haviam sido recuperadas até o início da noite deste domingo.

Eles foram presos com alicates para cortar cadeados e levados ao 78º DP (Jardins).

Diário do Nordeste

Ciclovia na Avenida Paulista: Inauguração atrai ciclistas e protesto

Milhares de pessoas percorreram os 4 km destinados às bicicletas, e manifestações contra o PT marcaram o evento

São Paulo. A inauguração da ciclovia na Avenida Paulista, região central de São Paulo, atraiu ontem milhares de ciclistas. Segundo a Polícia Militar, às 10 horas da manhã havia mais de 2 mil pessoas com bikes na área. A via segregada para bicicletas tem cerca de quatro quilômetros de extensão e registra intenso movimento no seu primeiro dia de funcionamento oficial.

O início do tráfego na ciclovia, no entanto, também ocorreu sob protestos de diferentes grupos. Durante a madrugada, tinta azul foi jogada em um trecho da via próximo ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mas foi retirada após limpeza da Prefeitura. Outros movimentos estenderam faixa de "Fora PT".

Uma garrafa pet ainda com tinta foi encontrada no local, nas imediações do parque Trianon, na Avenida Paulista. A polícia não identificou os autores do ato de vandalismo. Aparentemente, a tinta usada foi a guache, comumente utilizada em trabalhos escolares. A mancha azul se estendeu por cerca de 300 metros, entre o Masp e a rua Pamplona.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), foi alvo de manifestantes em diferentes pontos da avenida. Os protestos focaram principalmente nos desdobramentos da Lava- Jato e em críticas ao Partido dos Trabalhadores. Em frente ao Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, de onde saiu a comitiva do prefeito para percorrer a ciclovia, pessoas gritavam "petrolão!", "Sérgio Moro está chegando", "Ciclovia para as pedaladas de Dilma" e "bandido".

Questionado sobre a reação, Haddad atribuiu as manifestações a "infiltrados", que teriam se preparado para protestar no evento. O advogado Henrique Vilela de Souza, de 39 anos, foi um dos que gritaram do lado de dentro do hospital, a poucos metros do prefeito. Ele afirmou que não estava acompanhando paciente, apenas passava pelo local. Souza negou ser infiltrado. O advogado afirmou que não é de São Paulo e que não tem opinião formada sobre a ciclovia.

Qualidade

Fernando Haddad exaltou a ciclovia como "símbolo de qualidade de vida" e disse que esta é uma política que "deveria ser abraçada por todos os partidos". Diversos ciclistas que se dirigiram à Avenida Paulista carregavam balões brancos.

No período da manhã, Haddad percorreu a ciclovia acompanhado pela primeira-dama, Ana Estela Haddad, e pelo secretários Jilmar Tatto (Transportes), Gabriel Chalita (Educação) e Eduardo Suplicy (Direitos Humanos). No final do trajeto, na Praça do Ciclista, que fica próximo à Rua da Consolação, o prefeito parou para descansar e tomar água de coco.

Haddad comemorou o início das atividades na ciclovia. "Acho importante também pelo simbolismo. O principal cartão postal da América Latina agora tem uma área que é a malha cicloviária", disse. Ele ainda convocou todos os partidos a integrarem o apoio às ciclovias. "Isso aqui não é uma política partidária, não é uma política de governo, é uma política que deveria ser abraçada por todos os partidos e por todos os governos, para que pedestres e ciclistas tenham seu espaço garantido além do transporte público", acrescentou o prefeito.

Um simulador virtual lançado na semana passada, no Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), estima o impacto de mudanças no uso de diferentes meio de transporte nas maiores cidades do país.

 

A mudança de meio de transporte traria diversos benefícios, como a redução de 25% na emissão de poluentes locais, como monóxido de carbono.