terça-feira, 22 de outubro de 2013

Projeto imobiliário de R$ 8 bi começa a sair do papel

17/10/2013 - O Estado de São Paulo

O Grupo Bueno Netto está perto de lançar um bairro inteiro na cidade de São Paulo, o maior projeto de sua história, com valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 8 bilhões. O Parque Global simboliza uma virada na estratégia da companhia, que pretende focar em "poucos, bons e grandes" empreendimentos imobiliários. A tarefa não é fácil: a empresa já trabalha há mais de dez anos no Parque Global e teve de refazer todo o projeto do zero nesse período. O empreendimento passou por três mudanças societárias e ainda aguarda aprovações para o lançamento.

A empresa começou a campanha publicitária do Parque Global no fim de setembro. A primeira fase do empreendimento contempla cinco torres residenciais. Para essa parte, a companhia já tem o aval de todos os órgãos da Prefeitura e do Estado. Falta ainda o registro do memorial de incorporação, que está em análise no cartório.

O Parque Global terá também torres comerciais, shopping center, hotel, parque e estação de metrô. Tudo isto em uma área de 218 mil metros quadrados na Marginal Pinheiros, entre o complexo Cidade Jardim e o Parque Burle Marx.

O projeto original se chamava Golf Village e previa residenciais de alto padrão e um campo de golfe. "Ele já estava obsoleto em 2010. Era um empreendimento fechado. A tendência é fazer bairros abertos", disse Luciano Amaral, diretor de incorporação da Benx, empresa do grupo Bueno Netto responsável pelo Parque Global.

Mas a gota dágua que obrigou a incorporadora a recomeçar o desenho do zero foi a decisão da Governo de São Paulo de fazer a Linha Ouro do Metrô no local. "Isto estragou o projeto antigo mas acabou sendo o ponto de partida do novo", disse o empresário Adalberto Bueno Netto, fundador do grupo. Mesmo com 12% da área desapropriada para o Metrô, o novo projeto deve render à companhia o triplo da receita.

A Bueno Netto entrou no projeto do Parque Global como acionista minoritária. A empresa faria consultoria para a americana Prudential, mas a companhia deixou o negócio no fim de 2002, temendo instabilidades na economia após a eleição do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

A Bueno Netto assumiu o projeto e buscou novos sócios em 2003 - os empresários Antonio Boralli, ex-presidente do Citibank no Brasil e sócio da Método Engenharia, o investidor Eduard Schonburg, da Harte Realty, e Eduardo de Souza Ramos, representante da Mitsubishi Motors no Brasil. Ramos foi o primeiro a deixar a sociedade, em 2004, e os outros dois empresários saíram do negócio em julho de 2012. "A concepção do projeto mudou completamente e não me interessei mais", disse Boralli. "Para mim foi uma oportunidade de saída para o investimento", explicou Schonburg.

A Tecnisa chegou a comprar 25% do empreendimento em 2006, mas a aquisição estava condicionada ao registro de incorporação de ao menos uma fase do projeto em um ano, o que não ocorreu. Em janeiro de 2008, a Tecnisa saiu do negócio, levando seu dinheiro de volta além de uma área de 37,8 mil m² como correção monetária.

Em 2012, a Bueno Betto encontrou outro parceiro para o Parque Global, a Related Brasil, subsidiária de um dos maiores grupos imobiliários dos EUA. "Chegamos ao País em 2012 e estávamos procurando nosso primeiro projeto. O Parque Global é muito parecido com um empreendimento de US$ 20 bilhões que temos em Manhattan. Achamos que fazia sentido entrar", disse Daniel Citron, presidente da Related no Brasil. Ela é sócia apenas da parte residencial do projeto, que deve somar R$ 1,5 bilhão em valor geral de vendas. As demais fases pertencem só ao grupo Bueno Netto, mas podem ter outros sócios.

Estratégia. O grupo Bueno Netto nasceu como construtora, há 37 anos, e depois entrou no ramo de incorporação. A empresa chegou a estudar a abertura de capital, mas optou por uma reestruturação. O grupo deu origem a quatro empresas: uma construtora, uma imobiliária e duas incorporadoras - a Benx e a BNCorp. Esta última é focada em escritórios e foi criada em sociedade com o banco Merril Lynch, que depois vendeu sua fatia ao fundo Blackstone.

Fora da Bolsa, as companhias do grupo não tinham o mesmo caixa -e obrigações com investidores - para acelerar seus lançamentos no mesmo ritmo que as grandes incorporadoras de capital aberto. A estratégia da empresa foi se aliar a elas e ser parceira nos projetos de Gafisa, PDG e Cyrela, por exemplo.

Mas, no fim de 2011, após uma série de erros operacionais, as grandes brecaram. "Aproveitamos para comprar terrenos na hora que elas pararam", disse Bueno Netto. O grupo pretende lançar R$ 2 bilhões entre 2013 e 2014 -cerca de metade dentro do Parque Global.

Bueno Netto ensaia uma nova estratégia, mas descarta competição direta com as grandes. "Queremos nos concentrar em grandes projetos. Quem está na Bolsa, não pode depender disso." Por quê? O retorno exige paciência, o que nem sempre é o forte do mercado financeiro. No Parque Global já se foram onze anos de investimento e nenhuma receita.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

BRT se consolida como um dos meios de transporte mais eficientes do mundo

04/08/2013 - R7

Corredor Norte/Sul recebe 2ª etapa da faixa exclusiva para ônibus nesta segunda-feira (5)

domingo, 4 de agosto de 2013
A segunda etapa da faixa exclusiva para ônibus no Eixo Norte/Sul é inaugurada na próxima segunda-feira (5) pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). O trecho, que soma 10,4 km de extensão, vai funcionar desde o Túnel João Paulo II — mais conhecido como Túnel do Anhangabaú —, passando pelas avenidas 23 de Maio, Rubem Berta, Prof. Ascendino Reis, Moreira Guimarães e Washington Luís, até 200 metros após a avenida Jornalista Roberto Marinho.

J. Duran Machfee/Futura Press/Estadão Conteúdo
No sentido centro, a faixa passará pela avenida Washington Luís em três trechos (entre a rua Laplace, com a av. Jônia e a rua Vapabussu; entre praça Comandante Lineu Gomes e via de acesso ao Aeroporto de Congonhas; e entre 90 metros após a passarela (rua Renascença) e a saída para a avenida dos Bandeirantes). A via só para coletivos vai passar ainda pela avenida Moreira Guimarães (trecho entre avenida Miruna e avenida Jandira), pela mesma avenida Moreira Guimarães, só que na pista lateral, pela avenida Rubem Berta (pista lateral) e na avenida Prof. Ascendino Reis, trecho entre avenida dos Jamaris e a rua Estado de Israel. Segue ainda pela avenida 23 de Maio (entre a rua Dr. Luís F. Sobrinho e a rua Barão de Ijuí, e entre o viaduto Jaceguai e 50 metros antes da rua Riachuelo) e pelo túnel João Paulo II (Anhangabaú), entre o viaduto Dr. Eusébio Stevaux e avenida Prestes Maia.

Já no sentido contrário, bairro, a implantação acontece na avenida 23 de Maio (entre a avenida 9 de Julho e Viaduto Engº Antônio de Carvalho Aguiar), na avenida Prof. Ascendino Reis, nas pistas laterais das avenidas Rubem Berta eMoreira Guimarães (entre a rua Ipê e a avenida dos Jamaris). A via só para coletivos segue pela avenida Moreira Guimarães (entre a avenida Jandira e a avenida Moaci) e pela avenida Washington Luís, em dois trechos (um entre a avenida Miruna e 150 metros após Rua Renascença; e o outro entre a rua Tamoios e a rua Laplace com a avenida Jônia).

A exclusividade para o transporte coletivo na nova faixa valerá de segunda a sexta-feira, em ambos os sentidos, das 6h às 22h.

1ª Etapa

No último dia 29, a via já havia recebido 2,1 km de via destinada só para ônibus. Na ocasião, a faixa foi implantada entre as ruas Paineira do Campo e a Carlos de Souza Nazaré.

Faixa no corredor Norte/Sul quase dobra velocidade de ônibus no 1º dia

A implantação de vias exclusivas para coletivos no Corredor Norte/Sul acontece por etapas. A faixa deverá ser ampliada, ganhando continuidade pelas avenidas Washington Luís, Interlagos e Teotônio Vilela, desde a altura da avenida Roberto Marinho até a avenida Atlântica. A terceira e última etapa deve começar a operar no dia 12 deste mês, segundo a companhia. A CET ressalta que a data pode sofrer mudança.

A ativação dessas vias só para ônibus faz parte da operação "Dá Licença para o Ônibus" da CET, que tem como objetivo priorizar a circulação do transporte coletivo nas vias de São Paulo, o que faz com que a velocidade dos coletivos aumentem e os tempos de viagens diminuam.

Linhas e Ônibus

Pelo Eixo Norte-Sul, no trecho desta implantação, circulam 24 linhas de ônibus municipais no sentido centro, transportando 235.375 passageiros por dia útil, e 22 linhas no sentido oposto, bairro, que levam 234.985 passageiros, também por dia útil.

Alterações de Circulação

Por causa da implantação da nova extensão da faixa exclusiva, a CET implantará sentido único de circulação em um quarteirão das ruas Barão de Suruí, Otávio Tarquínio de Souza e Visconde de Aguiar Toledo, entre a avenida Washington Luís e a rua Baronesa de Bela Vista.

Nas ruas Barão de Suruí e Visconde de Aguiar Toledo, a circulação será da avenida Washington Luís para a rua Baronesa de Bela Vista. Na rua Otávio Tarquínio de Souza, será no sentido inverso.

Informações: R7.com

Moradores da Favela do Moinho em São Paulo derrubam muro de contenção

04/08/2013 - AgênciaBrasil

Camila Macial
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Moradores da Favela do Moinho, localizada sobre o Viaduto Orlando Murgel no centro da capital paulista, derrubam desde as 11h de hoje (4) parte de um muro de contenção que circunda a comunidade. Ele pretendem criar uma rota de fuga em caso de incêndio, pois, em menos de um ano, por duas vezes a favela pegou fogo. O muro foi construído pela prefeitura de São Paulo em dezembro de 2011, depois do primeiro incêndio.

Cerca de 400 famílias vivem da Favela do Moinho, que foi atingida por dois grandes incêndios nos anos de 2011 e 2012. No primeiro incêndio, 1,2 mil famílias ficaram desabrigadas e duas pessoas morreram e no do ano passado, pelo menos uma morte foi registrada e mais 300 pessoas perderam suas casas.

Cerca de 20 policiais militares chegaram ao local por volta de meio-dia, para averiguar o que estava acontecendo e o clima ficou tenso. Após dialogarem com lideranças da comunidade, os policiais disseram que não iam impedir a derrubada do muro.

Segundo a comunidade, uma liminar da Justiça autoriza a criação da rota de fuga. Moradores tentaram negociar com a prefeitura para que a derrubada fosse feita pelo governo municipal e deram um prazo até hoje para que a obra fosse concretizada pelo poder público, mas esse prazo não foi cumprido.

A prefeitura informou que um grupo foi formado entre a prefeitura e representantes da comunidade para discutir a questão. A reunião está marcada para amanhã às 15h.

Edição: Fábio Massalli

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Sob pressão, operação urbana vai a voto em SP

05/08/2013 - Valor Econômico

Com o fim do recesso, a Câmara Municipal de São Paulo estabeleceu como prioridade para os próximos dias votar o projeto que reformula a Operação Urbana Água Branca, que pretende reestruturar a região da Barra Funda, na zona oeste da cidade, com 20 mil novas moradias, investimentos em drenagem e habitação social que movimentarão R$ 2 bilhões.

O projeto será o primeiro grande desafio do prefeito Fernando Haddad (PT) no planejamento urbano da capital - e um teste para a votação do Plano Diretor, que vai entrar em discussão ainda neste semestre. A mais forte oposição vem do mercado imobiliário, setor que financiou a campanha da maioria dos vereadores e deu pelo menos R$ 3,2 milhões para Haddad na eleição de 2012.

Como a maioria dos recursos declarados pela campanha do petista foi registrada de forma oculta, é impossível precisar o valor exato das doações. Mas entre as que aparecem na prestação de contas estão grandes incorporadoras imobiliárias, como Brookfield, Tecnisa, Gafisa, Multiplan, WTorre, e grupos que também atuam na área, como a OAS.

O embate ocorre em uma das áreas mais visadas pelo mercado imobiliário neste momento por suas características e potencial de transformação. Fica próxima ao centro, com farta oferta de empregos - sete para cada morador - e de transporte público, com estações de metrô, trens e corredores de ônibus. Tem ainda espaços amplos, ocupados apenas por galpões de empresas que já saíram da região ou que estão em processo de desocupação, tudo isso a um custo menor que o de bairros mais nobres.
A atual operação, lançada em 1995, já teve consumido todo o estoque de potencial construtivo para as unidades residenciais e 34% das não-residenciais. Com a revisão do plano será liberada a construção de mais 1,8 milhão de metros quadrados por meio de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepac), papéis que são trocados pela permissão de construir a mais.

Para o setor imobiliário, a prefeitura corre risco de prejudicar a reformulação da operação urbana ao criar "amarras excessivas" aos negócios. A principal reclamação é que não haveria demanda para a "tipologia incentivada" - apartamentos de até 45 metros quadrados e com apenas uma vaga de garagem para os quais será destinado metade do potencial construtivo residencial.

O objetivo da administração municipal é construir até 10 mil unidades da tipologia incentivada. Essa restrição a apartamentos maiores é uma inovação nas operações urbanas da cidade e visa evitar o encarecimento excessivo dos imóveis e consequente expulsão dos moradores de menor poder aquisitivo, como ocorreu com as operações Água Espraiada e Faria Lima, na zona sul da cidade.

O padrão dos imóveis "incentivados" é muito diferente dos lançados hoje na região. Segundo o Geoimóvel, consultoria que acompanha os lançamentos imobiliários da cidade, o valor médio dos apartamentos novos da região em 2012 foi de R$ 1,7 milhão, com metragem média de 192 m2, muito superior a que a prefeitura pretende estabelecer como novo padrão.

"A intenção é tentar criar um incentivo para que se produza apartamentos para a população de menor renda, mas isso não vai acontecer porque o custo da terra é muito alto. Vamos ter um tipo de produto que o mercado chama de estúdio, voltado para o jovem solteiro ou recém-casado de classe média alta", afirma Eduardo Della Manna, diretor de legislação urbana do Sindicato das Empresas de Habitação (Secovi).

Outra restrição é a de que os prédios comerciais construídos depois de sancionado o projeto de lei, que já foi aprovado em primeira votação, sejam erguidos apenas as margens das grandes vias, sem adensar no bairro, para aproveitar a oferta de transporte público e reduzir os congestionamentos.

O Secovi também se arma contra outra regra da operação urbana: que os novos prédios tenham seu pavimento térreo aberto para a rua, com uma loja ou serviço, a chamada "cerca-viva". Para o setor, não há demanda para isso em todos os novos prédios. "Concordamos que é um conceito interessante, mas não há demanda para tudo. Em Curitiba e Brasília adotaram legislações similares, e nas duas cidades esses espaços ficaram ociosos. Ao invés de criar vida na região, criaram clima de abandono", diz Della Manna.

Ex-líder da gestão Kassab na Câmara, o vereador José Police Neto (PSD) defende as novas regras. "Ninguém está querendo acabar com o lucro do mercado imobiliário, mas os empresários também têm que aprender a ganhar dinheiro inovando, buscando novas alternativas urbanísticas para melhorar os bairros", afirma. O projeto foi desenhado na gestão Kassab e encaminhado à Câmara em dezembro.

Um dos defensores de cidades mais "compactas", o empresário Alexandre Frankel, dono da Vitacon, diz que as pessoas estão dispostas a morar num espaço menor pela comodidade de estar perto do trabalho, estudos e lazer. Para ele, porém, a região alvo da operação urbana ainda é escolhido pelas pessoas que querem unidades maiores por um preço menor. "Não é a Berrini, Paulista ou Vila Olímpia, onde as pessoas abrem mão de espaço para morar perto", diz, dando como exemplos bairros nobres da capital.

Algumas construtoras já estão se antecipando à proposta da operação urbana e fazendo unidades mistas, com diferentes tamanhos e com prédios comerciais junto com condomínios residenciais. É o caso da Odebrecht Realizações Imobiliárias. O preço, porém, fica muito distante da realidade de pessoas com menor renda: as menores unidades do LED Barra Funda, com 47 m2 de área privativa e uma vaga de garagem, foram todas vendidas no dia do lançamento por R$ 379 mil. Hoje já estão avaliadas em mais de R$ 400 mil.

Para Marco Siqueira, diretor de investimentos e operações da empresa, cabe à prefeitura arbitrar as regras que julgar mais adequadas e o mercado vai demonstrar se isso funciona ou não. "Existe uma clara necessidade de equilíbrio maior entre a produção de produtos de alta renda e comerciais, e também produtos mais voltados à classe média. Se isso vai dar certo, não sabemos, mas vale a pena tentar", diz.

A revisão da operação urbana ainda coloca em posições opostas moradores da região e movimentos de moradia, que disputam para decidir o destino dos R$ 2 bilhões que vão entrar no caixa da prefeitura. O projeto de lei prevê uso de parte do dinheiro arrecadado com Cepacs para urbanização de favelas fora do perímetro da operação urbana.

O texto original determina que 15% dos recursos sejam usados para construção de unidades de habitação social e urbanização de favelas no perímetro expandido da operação, do outro lado da Marginal Tietê. A gestão Haddad pretende aumentar o percentual para algo em torno de 25% ou 30%, diz o vereador Nabil Bonduki (PT), professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

O gasto com moradia, porém, opõe a prefeitura a grupos de moradores que querem o dinheiro investido em obras de drenagem e equipamentos públicos para a região. "Tem R$ 300 milhões parados no caixa da operação urbana sem que a prefeitura faça nada. Quando aprovar essa lei, o dinheiro vai para a nova operação, pra fazer casa popular do outro lado do rio", reclama a advogada Maria Antonietta Lima e Silva, 76 anos.

Ela é presidente da Associação Amigos da Vila Pompeia, que fundou há 30 anos para lutar por obras de drenagem que acabem com as enchentes que afetam a região todos os anos. "Agradar ao povo da periferia que vota no PT é objetivo do governo, não nosso. Queremos a canalização dos córregos", protesta Maria Antonietta.

Bonduki defende que o dinheiro já arrecadado fique separado em uma conta especial e não se misture ao da nova operação, mas argumenta que é preciso investir na construção de habitação de interesse social para levar a população carente para perto dos empregos. "O ideal é usar o dinheiro para aquisição de terrenos, e depois buscar recursos de outras fontes de financiamento, como o Minha Casa Minha Vida, para a construção", diz.

Em 15 dias, favela surge embaixo de ponte

20/07/2013 - O Estado de São Paulo

Prefeitura pediu retirada de cerca de 350 famílias que estão vivendo sob a Ponte Orestes Quércia, na Marginal do Tietê

TIAGO DANTAS - O Estado de S.Paulo

Cerca de 350 famílias estão vivendo em um terreno baldio na Marginal do Tietê, embaixo da Ponte Orestes Quércia, no Bom Retiro, região central. A favela se formou nas últimas semanas, com famílias que não têm condições de pagar aluguel ou viviam em comunidades que pegaram fogo recentemente.

A Prefeitura solicitou a reintegração de posse do terreno e aguarda decisão da Justiça. Enquanto isso, as famílias estão sendo cadastradas pela Secretaria de Habitação. "O terreno não é apenas público, mas impróprio, envolve risco. Não se deve ocupar área perto de pontes e viadutos", disse o prefeito Fernando Haddad (PT).

"Espero que o prefeito não mande a PM tirar a gente daqui. Ninguém veio para cá porque acha bonito. É por necessidade", disse a operadora de caixa Suzamara Camargo, de 27 anos. Após ficar desempregada, em março, Suzamara foi despejada da pensão em que vivia com o marido e a filha no Bom Retiro. "Cheguei a dormir na rua três dias. Perdi móveis e tudo."

A auxiliar de limpeza Miriam da Silva Lira, de 30 anos, também disse que ficou sem ter como pagar a pensão onde morava com o filho. "Ganho um salário mínimo e gastava R$ 500 só com aluguel. Mas tem de pagar água, luz. Ou eu pagava aluguel ou dava de comer para meu filho. Não tem milagre."

Um grupo pequeno chegou ao terreno há mais de um mês e se instalou em um prédio abandonado que já funcionou como alojamento do Clube Regatas Tietê. Mas foi nas últimas semanas que centenas de famílias construíram seus barracos de madeira no local. Ainda ontem, as casas eram erguidas.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que 532 unidades habitacionais foram entregues este ano e que está construindo cerca de 11 mil.

Haddad decide construir túneis de R$ 219 milhões na Vila Mariana

15/07/2013 - O Estado de São Paulo

CAIO DO VALLE

O prefeito Fernando Haddad (PT) vai construir dois túneis de R$ 219 milhões sob a Rua Domingos de Morais, entre a Rua Sena Madureira e a Avenida Ricardo Jafet, na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. O valor do contrato, assinado pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD) em julho de 2010, ficou à época 48% mais caro que o estimado dois anos antes. A inflação entre 2008 e 2010, pelo IPCA, limitou-se a 9%.

A obra ganhou licença ambiental no sábado e vai resultar na remoção de 130 famílias. O dinheiro que será aplicado nos túneis seria suficiente para construir, por exemplo, 20 quilômetros de corredores de ônibus. Mas a execução do projeto se tornou prioritária, na avaliação de técnicos do governo, após a atual gestão desistir de construir um novo túnel entre o Brooklin e a Rodovia dos Imigrantes, também na zona sul.

A construção do complexo viário entre as imediações da Vila Mariana e do Ipiranga vai demorar um ano e meio. Com previsão de ter início em três meses, a obra prevê a interligação das Avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet, eliminando um gargalo existente no cruzamento com a Domingos de Moraes e facilitando a chegada ao ABC paulista.

O objetivo da Prefeitura é ter um acesso direto das regiões sul e sudeste, nos eixos das Avenidas Ruben Berta, Ibirapuera, Santo Amaro, Juscelino Kubitschek e Brasil, com a sudoeste, nas Avenidas Ricardo Jafet, Dom Pedro e do Estado.

Quem vai executar o projeto é o Consórcio Queiroz Galvão/Galvão Engenharia, vencedor da licitação feita em 2010.
Serão dois túneis sob a Domingos de Moraes: um de 400 metros, em direção à Ricardo Jafet, e outro de 590 metros, no sentido da Sena Madureira.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras, serão duas pistas de cada lado dos túneis, cada uma com 3,9 metros.

O eixo Avenida Paulista-Rua Vergueiro, sempre congestionado nos horários de pico, terá melhora de 22% na fluidez com o túnel sob a Domingos de Morais, conforme o Eia-Rima do projeto.